Prelúdio: Violência contra à mulher e o Enem

Prelúdio: Violência contra à mulher e o Enem

31 de outubro de 2015 0 Por Gilberto Araujo

images-cms-image-000461653O Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher foi celebrado no último dia 10 de outubro. No dia 25 de novembro será comemorado o dia Internacional de Luta contra a Violência à Mulher.  E, não por acaso, o tema da redação do Enem deste ano foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. “Esse tema precisa ser debatido na escola. Queremos que os jovens melhorem a sociedade e que exista uma superação geracional do machismo. Para isso, eles precisam debater o assunto”, defende Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.”
Beauvoir, S. O segundo Sexo. 1980

“Mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude. O João não nasceu homem e a Maria não nasceu mulher. O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do Enem (Exame Nacional do Ensino MARXISTA)”
Deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), em sua página no Facebook.

“Infelizmente o que é pra ser um momento de jubilo entre toda sociedade, estudantes, seus familiares e os mestres responsáveis pelo futuro de uma geração, mais uma vez se torna instrumento para que alguns infiltrados mostrem suas garras fétidas e invistam sobre a formação intelectual de nossos jovens, tentando incutir em suas puras mente culturas estranhas aos nossos costumes e tradições”.
Deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), em sua página no Facebook.

A citação da filósofa francesa feminista Simone de Beauvoir e o tema da redação só mostra que a polêmica gerada e alardeada pelas redes sociais provocando comentários absurdos e machistas  como os dos deputados federais Jair Bolsonaro e Marco Feliciano, só comprovam a necessidade de discutir o tema dentro da escola, desde a educação básica à faculdade.

Alguns dados:

Do total de 265.351 atendimentos registrados de janeiro a junho de 2014, conforme dados apresentados em entrevista pela secretária de Enfrentamento à Violência da SPM, Aparecida Gonçalves:

33,88% foram pedidos de informações sobre redes de serviços,
31,89% de informações gerais e
16,66 % sobre violência doméstica e familiar.
Pedidos de esclarecimentos sobre leis, decretos e direitos da mulher representam um percentual de 15,23% – ou seja, um dado bem próximo da porcentagem de violência doméstica e familiar.

O Ligue 180, transformado em disque-denúncia em março deste ano, mantém parcerias com as secretarias de Segurança Pública estaduais e distrital, além das representações do Ministério Público e a Polícia Federal, o que agiliza o levantamento das denúncias.

Dia Nacional
O 10 de outubro de 1980 foi marcado com um movimento que começou em São Paulo, quando mulheres reuniram-se nas escadarias do Teatro Municipal para protestar contra o aumento dos crimes de gênero em todo o País. A partir daí, a data faz parte do calendário das celebrações femininas no Brasil.

Devido à coragem dessas manifestantes, em 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. A legislação é conhecida por 98% da população brasileira e, por causa dela, foi estruturada a rede de atendimento especializada para as mulheres vítimas de violência.

A rede inclui agentes governamentais e não-governamentais formuladores, fiscalizadores e executores de políticas voltadas para as mulheres (organismos de políticas para as mulheres, ONGs feministas, movimento de mulheres, conselhos dos direitos das mulheres etc.). Conta com serviços/programas voltados para a responsabilização dos agressores; universidades; órgãos federais, estaduais e municipais responsáveis pela garantia de direitos. Além de serviços especializados e não-especializados de atendimento às mulheres em situação de violência.

Fonte:
Secretaria de Políticas para as Mulheres