Trem de Alagoas, de Ascenço Ferreira na voz Paulo Autran
27 de junho de 2011Vagões de trem – Vincent van Gogh (1888) |
O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Mergulham mocambos,
nos mangues molhados,
moleques, mulatos,
vêm vê-lo passar.
Adeus!
– Adeus!
Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar…
– Adeus morena do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
mamões amarelos,
mamões amarelos,
que amostram molengos
as mamas macias
pra a gente mamar
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Na boca da mata
ha furnas incríveis
que em coisas terríveis
nos fazem pensar:
– Ali dorme o Pai-da-Mata
– Ali é a casa das caiporas
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Meu Deus! Já deixamos
a praia tão longe…
No entanto avistamos
bem perto outro mar…
Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda…
Que nada! É um partido
já bom de cortar…
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
Cana caiana,
cana rôxa,
cana fita,
cada qual a mais bonita,
todas boas de chupar…
– Adeus morena do cabelo cacheado!
– Ali dorme o Pai-da-Mata!
– Ali é a casa das caiporas
– Vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende
vou danado pra Catende
com vontade de chegar…
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Do livro Cana Caiana
Na voz de Paulo Autran
Fonte do áudio: Quadrante – Band FM