Dia de festa
12 de abril de 2009
Era dia de festa na cidade onde nunca nenhum habitante saía na rua.
Só por um dia no ano os milhares de moradores quebravam essa rotina e saíam das casas, gaiolas, casulos, ovos, pirâmides, celas, montanhas e ninhos. Este dia, era o dia de festa. E quem disse que eles aproveitavam só para festejar!? Que nada… Aproveitavam para fazer todas as coisas que não podiam fazer em seus dias normais.
Sendo assim, roubavam goiabas do vizinho, nadavam pelados na fonte da praça central, tocavam fogo em indigentes, tomavam Banho de chuva. Uma folia, guerra, atropelo. Cada dia deste, dia santo, era como o último dia de existência, como se o mundo fosse acabar um dia depois. E de fato acabava. Acabava e deixava rastros da algazarra, sujeira formada por poeira, confete, camisinha.
Pena que, bem neste ano choveu e todo mundo foi obrigado a ficar preso em casa, olhando da janela, a rua, imaginando as cores, sons e movimentos do tão esperado dia santo.
Eduardo Bartolomeu
Ator e professor da Rede Pública Municipal de Ensino
De Francisco Morato – SP