Redescobrindo o corpo com a Cia. COM-FÉ-SÓ
19 de outubro de 2015Nesta sexta-feira, dia 16, tivemos o prazer de conhecer o belíssimo trabalho desenvolvido pela Cia COM-FÉ-SÓ. A Cia que foi contemplada pelo ProAC de circulação de espetáculos, tem viajado pras mais diversas e distantes localidades, passando por assentamentos, ocupações e por sedes de grupos que tem trabalho de formação de público com as suas comunidades.
Érika Moura e Nathália Siufi chegaram após mais de 40 apresentações, até Franco da Rocha, para compartilhar seus saberes numa tarde quente, no centro cultural da cidade, através de uma oficina de consciência corporal.
A atriz Érika, abordou a oficina sob uma perspectiva em que corpo e mente não estão separados, a consciência proposta era para além de um corpo utilizado apenas para a dança ou teatro, mas para uma vida ativa, empoderando os jovens sobre os seus corpos e sua relação com a sociedade.
Érika propunha uma reflexão acerca da imposição do capitalismo sobre nossas as vidas, desde o tipo de comida ou quanto remédio devemos ingerir, e como isto está sendo pensado apenas para gerar lucros às indústrias.
Os oficinandos foram estimulados a entender a condição e necessidade de cada corpo, a cuidar de seus corpos diariamente, a se entender como responsável pela sua saúde e como capacitado para pesquisar e transformar seus problemas.
Um diálogo importantíssimo para se fazer com jovens, estudantes de arte, com pessoas que poderão futuramente ser agentes multiplicadores e formadores de opiniões através de seu ofício.
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Após a oficina, mais a noite, o Teatro Girandolá, apresentou um trecho do espetáculo “Juquery: memórias de quase vidas”, como troca estética entre os dois grupos. A fim de que a Cia COM-FÉ-SÓ também pudesse conhecer o trabalho desenvolvido por aqui, e que de alguma maneira ambos pudessem se retro-alimentar.
Na sequência, Érika Moura, apresentou o monólogo “Leontina”, e o Teatro Girandolá e público presente, pode conferir um espetáculo grandioso, não em cenários, ou qualquer outro artifício utilizado pelas artes cênicas, mas em humanidade e em generosidade colocados no palco.
“Leontina” tem seu futuro desenhado pelo capitalismo e patriarcado, filha de mãe solteira, de uma família pobre, e sem ter estudos, a moça nos conta as amarguras de sua vida até chegar a prisão.
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Ao assistir, podemos reconhecer o que fora dito na oficina, onde corpo e mente são aliados, onde a atriz escolhe dar voz a quem precisa ter voz, um corpo que está a serviço de um discurso, um corpo potente, que nos prende, e nos intriga. Despertando a partir de todo o seu trabalho o que podemos chamar de consciência.