GAROTA DE FRANCO (resposta tardia a Vinícius e Tom)
22 de abril de 2015toda
vez
que ela aqui passa
meu mundinho
se disfarça
num caminho de Ipanema
um poema
então, se instala
e a natureza se embala
no andançar da pequena
ao passar no boulevard
ou mais cedo
na Azevedo
transmutada em passarela
as vitrines
fazem alarde
no finalzinho da tarde
querendo espelhar-se nela
um adorno nos cabelos
um vestir-se em desmazelo
um olhar puro e candente
um sorriso
que enlouquece
que
se Vinícius soubesse
teria inveja da gente
em sua pressa
descabida
pras correrias da vida
me põe a filosofar
é que
nessa “adrenalina”
a cidade e a menina
não podem se namorar
toda vez
que ela aqui passa
deixando ruas e praças
parecendo ser mais lindas
meu mundinho
se disfarça
num lugar
cheio de graças
e de esperanças infindas
mas, enfim
quando ela some
um dilúvio
me consome
meus devaneios estanco
eu, então
todo molhado
quando vejo
estou ilhado
num ponto alto de Franco
alguma coisa
amortece no meu coração
bastando
anunciar-se em dezembro
as chuvas de verão