Língua Brasileira

Língua Brasileira

20 de abril de 2015 0 Por CONPOEMA


 Mas, afinal… O que foi a colonização!?!

“Desembarque de Cabral” – Oscar Pereira da Silva
Pintor brasileiro (1865-1959)
É, em
absoluto, questionável a colonização no Brasil. O que chamamos “colonização”
tem o significado de massacre, genocídio. Que isso fique bem claro! E foi através
de atos genocidas que os europeus impuseram sua língua, seus hábitos, seu
discurso, seu sistema. Sabemos da tortura por parte dos europeus aos indígenas
e da desgraça holocaustica aos africanos. E se a morte de tantos tenha
reverberado na morte cultural, vê-se que a perda é inestimável.
Vamos lembrar que se eram faladas aqui 1273 línguas antes da chegada dos
europeus, hoje são pouco mais de 200, que ainda são pouco estudadas.
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Navio Francês com escravos para pender no 
Rio de Janeiro – Marc Ferrez 1882
(2012) 254 anos que foi abolida a escravidão dos Índios no Brasil.
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(2012) 254 de abolição escravidão indígena no Brasil.

  O programa
da monarquia de estabelecer aqui seu novo império se deu à custa de rios de
sangue e suor de inocentes. Esses inocentes tinham uma forma de organização e uma
relação com o meio ambiente muito diferente da propiciada pela visão europeia de
mundo. Enquanto os europeus viam o homem como dominador das coisas, a imagem e
semelhança de seu deus, todo poderoso, esses povos viam o homem como integrado
aos deuses e à natureza, toda sua cultura é representada nesse universo, em que
os valores sociais e ecológicos são traduzidos por meio da religiosidade e das
artes em geral. Então que estes povos foram obrigados a prestarem-se de pecados – conceito
até então desconhecido por eles, foram obrigados a modificar o modo com que se
comunicavam e suas manifestações foram reprimidas. Desde a própria nudez (comum
entre as culturas indígenas e africanas) até rituais e cultos às suas divindades.
Foi por meios repulsivos que a Língua Portuguesa foi ascendida no Brasil até
ser imposta por meio de decreto como língua oficial em 17 de agosto de 1758,
pelo Marquês de Pombal. Mas as línguas indígenas imperaram até o decreto. O nheegatu
(“fala boa”, em tupi) a língua transitória, chamada Língua Geral foi utilizada até
pelas famílias europeias que viviam nos grandes centros urbanos.

Mas herdamos
um Brasil de palavras indígenas, incontáveis nomes próprios, de plantas,
frutas, comidas, rios, lugares, bichos… De mesmo modo ocorreu com as línguas
africanas, com destaque a
algumas mudanças fonéticas, iniciadas na fala dos escravos, que ainda se
mantêm: as vogais médias pré-tônicas “e” e “o” passaram a
ser pronunciadas como vogais altas, respectivamente “i” e
“u” (mininu); as vogais tônicas de palavras oxítonas terminadas em
“s”, mesmo as grafadas com “z”, se tornaram ditongos (atrais,
mêis, vêis); a marca de terceira pessoa do plural, nos verbos do pretérito
perfeito, se reduziu a “o” (fizero, caíro, tocaro).

Se, hipoteticamente,
a língua que falamos é percentualmente composta: 50% portuguesa, 20% indígenas,
20% africanas e 10% euro-asiáticas, poderíamos dizer que a porcentagem dos
portugueses se deu pela trapaça, quando ludibriaram e trucidaram outros povos e
impuseram sua língua por meio de decreto. 
Esta composição somada às variações
de uso dentro do próprio território é que caracterizam nossa língua como brasileira
(não português brasileiro – por mais que nossa mãe tenha vindo de Portugal, se
nascemos aqui somos brasileiros). Reconhecer a identidade nossa na língua não se
refere somente a sua nomeação, mas também reconhecer a riqueza das peculiaridades da nossa fala.