Um Ser
17 de julho de 2015Ser pequenino,
profano e divino,
aonde tu andas?
No solo esperas
cavar nova terra
por onde comandas.
No céu, tu espreitas
com certa suspeita
o que a morte suplanta
entre a vida e a morte.
Mas nem mesmo a sorte
em ti não avança.
E foram em teu encalço
os últimos espaços,
a última esperança.
Oh! ser dos mundos aéreos,
dos mundos de ouro e ferro,
ser das galáxias tantas.
Cai tua estátua predileta,
cai tua máscara secreta,
mas tua imponência levanta.
Como tu podes ainda
viver de dor tão infinda
em meio de tanta abundância?
Se te pertence esse mito,
entre o ponto e o infinito
onde está a devida distância?
Ah! como tu queres ter
além do mundo e do éter
e muito além de tua ânsia
todas as terras cavadas,
toda a história conquistada
em tua soberba jactância,
e ainda todos os mares,
todos os tempos e ares,
em cada fio de instância.
E, enfim, avistando o limite,
descobres que nada existe
após essa breve mudança
da vida para não-sei-onde,
lugar que todos os homens
descansam suas almas humanas.