Verborragia

Verborragia

14 de julho de 2015 0 Por Meire Ramos
imagem retirada de: https://pixabay.com/

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O verbo devora a fera quando é deveras
O verbo se esconde, quando tem medo
O verbo, quando devido, surge justo, bem-cabido, e penetra o ego alheio
O verbo, quando tem freio, ou entala na garganta ou vara a carne e atinge o mundo – se torce que o mundo não revide.
O verbo quando rebervera revira a terra, fecunda a terra e se enverada verdejante
O verbo, quando amante, escorre guloso, verboso, garboso, brilhante
O vergo, quando vagabundo, caminha mole colhendo flores gozando tudo
O verbo, quando erudito… Repolhos rechonchudos rezando parnazeanamente palavrentos
O verbo quando tem pressa desfaz a peça desgraça a prosa e eu rio a beça
O verbo quando ausente obriga seu ouvinte a abrir os seus sentidos

No princípio era o verbo e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus e verbo sempre foi coisa nenhuma
Em suma, eu amava enquanto tu verbalizavas

George de Paula