O relâmpago, de Waly Salomão

24 de junho de 2011 0 Por Gilberto Araujo

Ó velho oceano cheio de tretas, velho oceano,
Quem com olhos de seca pimenteira
Queimará toda tua água, a lisa e a encapelada?

O fogo, o fogo, o fogo.

“O relâmpago é o senhor dono de tudo”
(assim Heráclito, o Obscuro secretava e esparzia o pó elemental das coisas.)

Quem queimará a tua água lisa e a tua água encapelada?
A chama -sereia desmiolada- de que se recordará?
Nem das cinzas, nem de si-mesma, nem de nada.

SALOMÃO, Waly. Pescados Vivos, p.59. In: BOAVENTURA, Flávio. O amante da algazarra. Nietzsche na poesia de Waly Salomão. Belo Horizonte: Eitora UFMG, 2009. p.35.