Carinhoso por Marisa Monte e Paulinho da Viola

23 de abril de 2012 0 Por Gilberto Araujo

Hoje, 23 de abril, comemora-se o dia nacional do choro, criado em 2000, em homenagem ao nascimento de Pixinguinha, compositor do choro Carinhoso (embora o próprio autor a chamasse de polca no início, tendo só muito tempo depois a considerado um choro).  A música composta no início do Século XX, precisamente entre 1916 e 1917, tem uma história curiosa e inusitada: Pixinguinha manteve-a na gaveta por mais de dez anos; os motivos ele explicou no depoimento que deu ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1968:
“Eu fiz o ‘Carinhoso’ em 1917. Naquele tempo o pessoal nosso da música não admitia choro assim de duas partes (choro tinha que ter três partes). Então, eu fiz o “Carinhoso” e encostei. Tocar o ‘Carinhoso’ naquele meio! Eu não tocava….ninguém ia aceitar”.

Só em 1936 é que Braguinha (também conhecido por João de barro) a convite de sua amiga atriz e cantora Heloísa Helena, por mero acaso fez uma despretensiosa letra para Carinhoso, a fim de tornar marcante a presença da atriz no espetáculo “Parada das Maravilhas”, promovido pela primeira dama, dna. Darcy Vargas, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Braguinha relata como aconteceu:
“Procurei imediatamente o Pixinguinha, que me mostrou a melodia num dancing onde estava atuando : No dia seguinte entreguei a letra a Heloísa, que muito satisfeita, me presenteou com uma gravata italiana”.


Então, com  letra e música, Carinhoso veio a se tornar um dos maiores clássicos da MPB,  com sua primeira gravação em 1937, cantada por Orlando Silva, o “cantor das multidões”. Até hoje já teve mais de 200 regravações.

Carinhoso

Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo,
Mas mesmo assim foges de mim.

Ah se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero.
E como é sincero o meu amor,
Eu sei que tu não fugirias mais de mim.

Vem, vem, vem, vem,
Vem sentir o calor dos lábios meus
À procura dos teus.
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então serei feliz,
Bem feliz.

Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz

Logo abaixo a versão cantada por Marisa Monte e Paulinho da Viola. Vale a pena.