Franco do Rock Tattoo Fest faz boa mistura de rock, eletro, tatuagens e gente bacana

Franco do Rock Tattoo Fest faz boa mistura de rock, eletro, tatuagens e gente bacana

30 de novembro de 2011 3 Por CONPOEMA

Domingo passado (27/11), marcamos presença no Franco do Rock Tattoo Fest que rolou no Espaço Kairos (http://espacokairos.com) lá em Franco da Rocha. O espaço é bem amplo, com bar igualmente amplo, área externa e banheiros frequentáveis; só fica devendo na presença de mais verde, umas arvorezinhas pra fazer uma sombra na área externa e acomodações mais confortáveis para as pessoas poderem sentar. Diga-se de passagem, bastante infra no lugar que contou ainda com bastante som, alguma luz e fumaça no palco, ventiladores, seguranças e mesinhas. Organizado pelo Júlio (com quem conversamos) e sua equipe, o evento contou com a presença dos estúdios de tatuagem Hell Tattoo, Pablo Tattoo Studio e Tapyron Tattoo e Body Piercing que estavam colocando mais cor e acessórios na pele do pessoal que compareceu ao evento.

No palco, passaram diversas bandas da região, dos mais diversos estilos e pegadas, desde a garotada debutante do Creepynight (com apenas 5 meses de banda) até os veteranos do Comando Nuclear, da vizinha Campo Limpo Paulista, que já tocaram na Fofinho por exemplo. Além do repertório misto do Creepynight e do mais puro e clássico metal do Comando Nuclear (que você pode conferir aí embaixo no vídeo), tivemos o new metal bem técnico do Metaphisico, a pegada forte e letras repletas de questionamentos e consciência do Sociedade Secreta e Audiozumb, o perturbador, sombrio e super bem tocado som do Hold, além do Of The Archaengel, que infelizmente não pudemos conferir.

Comando Nuclear – ‘Vingança Metal’ por rodrigoexciter

Favorecidos pelo palco de tamanho razoável e bem equipado, as bandas, no geral, foram muito bem não deixando a desejar. Por outro lado, o som absurdamente alto (que em muitos momentos incomodava e embolava o meio de campo), além da luz do salão inexplicavelmente acessa, o que simplesmente acabava com o efeito das luzes de palco, parecem não ter animado muito o pessoal a agitar, preferindo ficar sentados ou lá fora na área de eletro. Com exceção do público do metal que simplesmente fecharam a frente do palco quando o Comando Nuclear tocou. Malandros de estrada, o pessoal de Campo Limpo acertadamente perdeu um tempinho e ajeitou o som de modo que todos conseguiram ouvir e distinguir bem o som. Mas estes detalhes não chegaram a atrapalhar as apresentações cheias de adrenalina e sem grandes percalços, em grande parte fruto da qualidade das bandas e da preocupação de se ter bons equipamentos a disposição.

Bem variada, a seleção de bandas refletiu bem um dos maiores méritos do evento: a diversidade. E nesse sentido a presença do “cantinho do eletro” do lado de fora foi tão inusitado quanto bem vindo. Seja pelo calor ou pelo gosto, muita gente preferiu ficar por ali e remexer o esqueleto ao som das tendências mais agitadas do eletro, em especial o trance. Ainda que ajeitado meio no improviso, o espaço conseguiu contornar um dos problemas de se ter tanto espaço no salão: a sensação de vazio. Ainda que houvesse tanta gente dentro quanto fora do salão, a sensação era de que o eletrônico estava bombando. E em alguns momentos até era isso mesmo. Seja para fumar um cigarro ou tomar uma brisa, com certeza todos em algum momento passaram por ali. Ameaçados, primeiro pelo sol excessivo e depois pela ameaça de chuva, ainda assim, publico e Djs não se intimidaram e entraram a noite revesando o comando das pick-ups e os passos de danças. Além do clima ameno do fim de tarde, o som em volume mais agradável favoreceu a permanência da galera que abrilhantou o local. O som bem acertado foi obviamente um destaque, permitindo, a quem quisesse, ouvir rock ou eletro, sem que um interferisse no outro.

Mas certamente o melhor do evento foram as pessoas: gente bacana, aberta, receptiva e sem crise; o que certamente favoreceu para a tranquilidade do evento. Bonitos ou nem tanto, tatuados ou não, fortões, barrigudos, baixinhos, crescidinhos, gordelícias, fãs, mães-fãs, metaleiros, rockers, nerds, piriguetes, assombretes, patricínhas, toscos ou metrossexuais; houve espaço para todos, sem que para isso alguém precisasse tirar o espaço do outro. Parece pouco, mas é raro (até em eventos homogêneos, de um mesmo gênero) não aparecer um retardado qualquer que arranja confusão por qualquer bobagem e estraga a diversão de todos. O amplo desfile de beldades e tatuagens também é um ponto a se ressaltar. Confira você mesmo aí embaixo.

Bem organizado, num espaço bacana, com boa infraestrutura, os organizadores estão de parabéns pelo evento e principalmente pela iniciativa. Mais ou menos nos moldes do antigo Franco do Rock, eventos de música que abram espaço para os artistas locais se apresentarem, e de quebra arrecadar alimentos para doação, é sempre uma ótima ideia. Mas aí estão dois pontos que poderiam ser repensados. Por uma lado, pelo que entendi, o evento não tem nada a ver com o antigo Franco do Rock, que foi organizado pela Divisão de Cultura de Franco da Rocha em meados de 2000; sendo assim, por que usar este nome? A escolha de usar este nome, pode passar a impressão de uma tentativa de laçar o público daquela época e fazer uso do que aquele evento conquistou. Certamente manter viva uma ótima iniciativa é sempre bom, mas se não entrar em acordo com os antigos organizadores, é um erro que pode trazer problemas mais tarde. Na outra mão, o pessoal não soube responder para qual entidade seriam doados os alimentos, o que poderia jogar uma desnecessária nuvem de desconfiança sobre um evento tão necessário e bacana quanto foi o Franco do Rock Tattoo Fest. É sempre legal deixar claro para quem se está doando e para qual causa; além da maior empatia que isso pode gerar, ainda se evita que alguém questione a escolha posterior da entidade. Eu mesmo não gostaria de ver minha doação parar em uma entidade com a qual não me identifico de maneira alguma. Mas certamente haverá muitas outras edições e tempo para se considerar essas questões. Essa volta ou estreia triunfal mostra todo o potencial da ideia e tudo o que ela promete a um público que há muito tempo já anda carente de eventos assim por aqui. E que venham os próximos!

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