Conselho de Cultura de F. Morato

Conselho de Cultura de F. Morato

2 de janeiro de 2009 0 Por Gilberto Araujo

CONSELHO DE CULTURA DE FRANCISCO MORATO

Breve Histórico

Francisco Morato passou a ter um Conselho de Cultura atuando desde o início do ano de 2008, em função da mobilização da sociedade civil, que consciente do seu papel no desenvolvimento das questões culturais, não mediu esforços para a constituição do Conselho, assim como para o desenvolvimento de diversas ações que aconteceram em decorrência desta concentração comunitária para a criação deste órgão.

Um dos primeiros e grandes desafios encontrados pelo Conselho foi e é a tentativa de transformar a visão e a relação com que a sociedade (incluindo o Poder Público) tem em relação à Cultura, à priori vista de forma superficial como um Departamento criado para dar conta de eventos para o grande público e ações exclusivas do campo artístico. Se tratar das artes e mesmo dos eventos faz parte do rol de atribuições deste Departamento, é preciso aprofundar este entendimento e considerar que a dimensão muito cultural é muito mais ampla, pois abarca toda a forma de criação, expressão e fruição de um povo. Na tentativa de democratizar a criação e o acesso culturais (também artístico), é que o Conselho partiu para uma verdadeira jornada de trabalho, marcada por muitas ações: fóruns, cursos, além dos encontros periódicos para discutir a realidade cultural e buscar soluções. Algumas vezes esta obstinação foi tida como alucinada, mas basta um rápido olhar ao redor para ver a necessidade urgente de transformação que também passa pelo viés da Cultura.

Nesta jornada um dos pontos de maior dificuldade foi aproximar as aspirações oriundas das discussões do Conselho com a prática do Poder Público: de um lado a mobilização do Conselho com parte da sociedade e do outro a atuação do Departamento de Cultura com priorização na realização de eventos para a grande massa e pouca atenção para a formação de uma Política Cultural que privilegie a construção democrática, a continuidade nas ações e programas, a formação de público para as artes, ou seja, a elevação do papel da Cultura dentro de uma sociedade, saindo da rasteira e precária função que ela tem adquirido em grande parte do nosso país.

Os Fóruns de Cultura desempenharam um papel importante no tratamento das questões locais, dentro de suas quatro edições ocorridas em 2008, traçou-se um panorama sobre a realidade cultural em Francisco Morato, discutiu-se a Lei de Criação do Conselho de Cultura, promoveu-se encontros para tratar de problemas específicos dos Setores de Teatro, Dança, Literatura, Meio Ambiente, Arte-Educação e Música. Já na busca de aproximação com realizadores culturais da região, o Conselho também promoveu encontros de realizadores teatrais nas cidades de Francisco Morato, Franco da Rocha e Cajamar, estas reuniões sempre regadas à apresentações artísticas e bate-papos, têm encaminhado o grupo para a formação de um movimento teatral na região, que além da aproximação que já tem ocorrido, pretende realizar uma Mostra Itinerante pelos três municípios com produções teatrais regionais e convidadas. Vale ressaltar que as duas cidades que se uniram à Francisco Morato, vivem realidades diferentes na área cultural, mas se encontram em algumas dificuldades, daí a necessidade de união e organização política destes artistas.

Outra dificuldade no andamento do trabalho do Conselho consistiu no tratamento com todo o aparelhamento público que está envolvido para a prática da Política Cultural, que relacionam-se leis, orçamentos, planejamentos, articulação entre departamentos públicos e participação comunitária. A própria Lei Municipal de Incentivo à Cultura, já aprovada pela Câmara Municipal de Francisco Morato, ainda não está beneficiando realizadores culturais, pois muitas destas questões burocráticas ainda não foram solucionadas, questões estas que o Conselho pretende atacar com prioridade no ano de 2009. Leis de Incentivo à Cultura e outros assuntos deste universo foram abordados durante o curso “Políticas Públicas para a Cultura e Aspectos da Gestão Cultural”, ministrado a convite do Conselho por Aldo Valentim, importante pesquisador na área da Política Cultural, área ainda pouco explorada no Brasil. Dentre as reflexões que o curso promoveu, também foi realizada a redação de um Conjunto de Propostas para o Setor de Teatro, que será entregue ao Poder Público Municipal. Os integrantes de Franco da Rocha que participaram do curso se concentraram nas problemáticas e sugestões para o setor de Artes Visuais.

Este movimento gerado pela criação do Conselho vem permitindo a aproximação de realizadores culturais de diferentes áreas (membros do Movimento Hip-Hop, representantes da Orquestra Experimental Pró-Morato, participantes de grupos teatrais, representantes do Animorato, artistas plásticos e da área da literatura), o que tem proporcionado o fortalecimento de atividades já existentes na cidade e a criação de outras até então inexistentes. O Conselho tem facilitado, mesmo que ainda de forma pequena, a existência de atividades formativas para artistas, como foi o caso da realização das Oficinas Culturais “O Palhaço EnCena”, “Treinamento em Mímica Corporal Dramática” e “Toda Taba tem um Tom”, para as quais estabeleceu-se parceria com a Secretaria de Estado da Cultura. Foi também através de parceria com esta Secretaria e com o Departamento Municipal de Cultura que foi possível receber dois espetáculos teatrais finalistas na Edição 2007-2008 do Mapa Cultural Paulista. Os dois espetáculos convidados “Revolução na América do Sul”, com a Cia Teatro em Carne e Osso, de Franco da Rocha e “Cem Gramas de Dentes”, da Cia Azul Celeste, de São José do Rio Preto, foram recebidos em Francisco Morato pelo grupo de trabalho de Teatro do Conselho e por membros do Teatro Girandolá, grupo moratense.

Apesar do empenho para receber os dois espetáculos, aparentemente algo simples, formou-se uma situação extremamente difícil, pois o Departamento de Cultura dificultou o êxito das apresentações, uma vez que não cumpriu integralmente com suas responsabilidades assumidas, e ainda a empresa que contratou para fornecimento dos equipamentos de luz e som ofereceu um péssimo serviço com aluguel a preço exorbitante (R$7.900,00 para locação de som e luz para duas apresentações teatrais). Esta situação específica com o Departamento reflete a forma com que atividades que não contemplam a grande massa ou não são de interesse imediato dos gestores públicos são tratados tradicionalmente na cidade. O depoimento de Jorge Vermelho (leia abaixo), diretor da Cia Azul Celeste e do Festival Internacional de Rio Preto, evidencia a situação do dia da apresentação e de certa forma expõe com síntese a condição com que muitos artistas e grupos artísticos vêm são vistos pelo Poder Público até então na cidade.

Outras ações culturais como os “Saraus Lítero-Musicais”, o “Animorato” e o “Ocupando Espaços”, projeto de bandas locais também estão ganhando força graças ao envolvimento de membros do conselho e agentes culturais que estão se aproximando.

O Conselho já está planejando suas atividades para o ano de 2009, para o qual conquistou, em virtude do relacionamento com a Câmara Municipal, uma ampliação significativa do Orçamento Público para a área de Cultura. No final do ano será realizada a Conferência Municipal de Cultura, mas até lá pretende-se construir em parceria com a sociedade civil e o Poder Público, uma Política Pública para a Cultura, que valorize questões importantes e necessárias para a cidade, como o caso do pertencimento e da identidade social, questões que precisam ser trabalhadas com afinco. Em março pretende-se realizar um Fórum de Cultura, que contará com a colaboração de representantes do Instituto Pólis e do Ministério da Cultura. Além da discussão de assuntos do universo da Política Cultural, o Fórum objetiva revelar e chamar para o envolvimento político aqueles agentes culturais que ainda não se aproximaram.

Depoimento de Jorge Vermelho, diretor da Cia Azul Celeste, do Teatro Municipal de São José de Rio Preto e do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto

Olá a todos

Escrevo para denunciar a omissão do Governo Municipal de Francisco Morato/SP em relação ao tratamento dado à Companhia Azul Celeste, de São José do Rio Preto com o espetáculo “Cem gramas de dentes” que se apresentou na cidade de Francisco Morato por meio do Projeto Mapa Cultural Paulista, da Abaçai – Cultura e Arte, Organização ligada à Secretaria de Estado da Cultura.
Somente recebemos um apoio por parte de integrantes do Conselho Municipal de Cultura que não mediu esforços para que bravamente conseguíssemos cumprir nossa apresentação naquela cidade.
Deve ficar claro que o Município era parceiro nesta realização e recebeu o espetáculo na cidade sem ter que pagar cachê e deveria ter arcado com transporte, hospedagem, alimentação e equipamentos técnicos do grupo.
O transporte, o hotel e parte da alimentação teve que ser bancado pela Abaçaí em último instante pois caso contrário a apresentação seria cancelada.
A empresa contratada para iluminação e sonorização mostrou-se inapta a realizar qualquer tipo de trabalho voltado à arte pois tanto os equipamentos quanto o proprietário da referida empresa são desprezíveis.
No momento de resolução dos problemas técnicos, o proprietário da empresa CONTRATADA, que estava recebendo mujito bem pelo serviço, virou as costas e abandonou o grupo e os integrantes do Conselho de Cultura que ficaram falando sozinhos.
É uma pena que pessoas despreparadas continuem no poder e tratem a cultura com tanta insignificância.
É uma pena que a cidade de Francisco Morato não possa contar com o trabalho e a responsabilidade de pessoas realmente interessadas no bem comum.
Só nos resta agradecer à Abaçai – Cultura e Arte, pela parceria e o esforço heróico dos integrantes do Conselho Municipal de Cultura que nos acompanharam e inclusive lavaram banheiros e chão para que o espetáculo pudesse acontecer.

Atenciosamente

Jorge Vermelho
Diretor da Companhia Azul Celeste

São José do Rio Preto-SP

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