E nasce mais uma frente do projeto Vi-o-lar
31 de agosto de 2016Desde o início desse ano temos mergulhado em leituras, filmes, conversas, debates e ações que tenham como tema a violência doméstica. E foi diante dos altos índices de violência doméstica em nossa região, que surgiu o projeto Vi-o-lar, idealizado por mim e por André Arruda, com colaboração da Mariana Moura, que também é integrante da CONPOEMA. O objetivo principal desse projeto é colocar a violência doméstica em pauta de discussão nas cidades de Francisco Morato e Franco da Rocha e para isso, temos nos utilizado de diversas ferramentas e linguagens artísticas.
Nossa primeira ação desse projeto foi a criação de um painel utilizando a técnica de lambe-lambe, com imagens e frases sobre a temática. Esse painel, a princípio foi confeccionado por mim e por Gilberto Araújo, com imagens coletadas através da internet, no CEU das Artes de Francisco Morato. Depois, em parceria com o coletivo Baciada das Mulheres do Juquery, fizemos um outro painel no Centro Cultural de Franco da Rocha e quando estávamos lá, fazendo, pensamos, porque estamos usando imagens somente da internet, podíamos criar nossas próprias imagens e foi assim que surgiu uma outra ação, que é a de fotografar mulheres e crianças de nossa região com frases que façam refletir sobre o tema. De lá pra cá, quase 50 mulheres já aderiram a essa campanha, que está sendo veiculada pela internet, através de nossa página no facebook e que também passaram a integrar os painéis impressos.
A última semana, foi uma semana de trabalho intenso dentro do projeto Vi-o-lar, na qual realizamos apresentação teatral, fizemos mais um painel e também conversamos com 3 assistentes sociais que trabalham no atendimento a famílias moratenses em situação de violência doméstica.
Na quarta-feira passada, dia 24 de agosto, realizamos, dentro da programação do Festival de Inverno de Franco da Rocha, a apresentação de um exercício de cena. Esse exercício foi construído colaborativamente por mim e André Arruda, a partir do contato que temos tido com diversos tipos de materiais nessa pesquisa e é mais um dos braços desse projeto, que pretende criar uma obra teatral a partir dessa pesquisa. A apresentação contou com um público de cerca de 35 pessoas e foi somente um pretexto, para que no final, pudéssemos abrir uma roda pra conversar sobre o assunto. A apresentação da cena durou cerca de 30 minutos, mas o bate-papo final se estendeu por mais de 1 hora. Foram muitas as reflexões e depoimentos desse dia. Tínhamos naquela roda homens e mulheres de idades bastante diversificadas e pra mim foi bastante significativo tanto ouvir depoimentos de mulheres que já foram vítimas de violência doméstica como ouvir homens, bastante jovens, refletindo e se posicionando contra o machismo e o patriarcado. Saí da apresentação e do bate-papo, com um pouco mais de certeza de algo que tem me tirado o sono nos últimos tempos… de que devemos sim criar espaços de empoderamento das mulheres, mas que paralelamente a isso, é necessário e urgente criar espaços para a discussão ampla sobre o assunto, uma discussão que envolva homens e mulheres, adultos e crianças, já que a violência doméstica envolve toda a família, toda a sociedade; já que a violência doméstica é um problema cultural, que envolve o machismo, o patriarcado e que não vai ser resolvido do dia para a noite. Compartilho aqui alguns registros capturados por Mariana Moura daquela noite:
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Na quinta-feira, mais uma ação do projeto foi encampada. Eu e Mariana Moura fomos até o Fórum de Francisco Morato, mais especificamente até a sala do serviço social da Vara da Infância e Família. Lá, tivemos um interessantíssimo bate-papo com Erineide e Lucia, assistentes sociais da Vara e Vanessa, assistente social e coordenadora do Centro de Referência da Mulher e Núcleo de Prevenção de Violência de Francisco Morato. Esse bate-papo foi filmado e faz parte de um outro braço desse projeto, no qual estamos coletando depoimentos de mulheres vítimas de violência doméstica e também profissionais que trabalham no atendimento a essas vítimas. Em setembro, mês em que a Lei Maria da Penha completa 10 anos, lançaremos o primeiro vídeo tratando do assunto. Esses vídeos, futuramente serão reunidos em um documentário.
E pra fechar a semana, na sexta-feira estivemos na sede do Projeto Casa da Luz Vermelha, idealizado por Elisangela Costa, militante do movimento feminista, moradora de Francisco Morato e candidata a vereadora do nosso município. Elisangela e seu projeto tem como principal bandeira a luta pelos direitos de mulheres, crianças e adolescentes. Fomos até lá pra fazer, junto com ela um painel na sede do projeto e ressalto aqui que conhecemos e atuamos junto com a Elisangela desde muito antes dela sonhar em ser candidata a vereadora. A Associação Cultural CONPOEMA é completamente apartidária e se decidimos levar um painel do nosso projeto até a sede do projeto dela é porque apoiamos toda e qualquer iniciativa de defesa de direitos sociais. Veja abaixo como ficou nosso painel e caso se interesse em levar esse painel para um espaço de uso público, contate-nos, iremos certamente e ficaremos muito felizes!
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O projeto Vi-o-lar é uma iniciativa da Associação Cultural CONPOEMA.