Prelúdio | poema “Os Miseráveis” de Sergio Vaz
27 de junho de 2012Para abrir o Informativo deste mês, trouxemos a poesia “periférica-universal” do ativista cultural e poeta Sergio Vaz, que esteve presente em nosso Oxandolá [in]Festa 2012 (leia mais aqui). Para quem não esteve lá, esta foi uma das poesias que ele declamou durante o (de)bate papo sobre cultura na/da periferia, relaizado no CIC Francisco Morato, no dia 21 de junho.
Vítor nasceu… no Jardim das Margaridas.
Erva daninha, nunca teve primavera.
Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta.
Pés no chão, nunca teve bicicleta.
Já Hugo, não nasceu, estreou.
Pele branquinha, nunca teve inverno.
Tinha pai, tinha mãe, caderno e fada madrinha.
Vítor virou ladrão, Hugo salafrário.
Um roubava pro pão, o outro, pra reforçar o salário.
Um usava capuz, o outro, gravata.
Um roubava na luz, o outro, em noite de serenata.
Um vivia de cativeiro, o outro, de negócio.
Um não tinha amigo: parceiro.
O outro, tinha sócio.
Retrato falado, Vítor tinha a cara na notícia,
enquanto Hugo fazia pose pra revista.
O da pólvora apodrece penitente, o da caneta
enriquece impunemente.
A um, só resta virar crente, o outro, é candidato a presidente.
Saiba mais sobre Sergio Vaz em:
Colecionador de Pedras