Até quando os povos originários serão massacrados?
18 de setembro de 2015“Em memória de todos os povos oprimidos, na dor e no sofrimento, no sangue derramado. Na luta contra a intolerância, na luta contra a tirania, da brutalidade do poder, contra a devastação da cultura, contra os horrores da tortura, na luta contra a escravidão”.
Muito sangue indígena escorre por todo Brasil, e no Mato Grosso do Sul, instaurou-se uma verdadeira terra sem lei, onde à parte da legislação constitucional, que garante direito à terra, à proteção da tradição, e o respeito às diferentes culturas, com mandos e desmandos, valem-se no local da lei do mais forte.
A quem caberia defender, está lá o papel de subjugar, desapropriar, e prender. Ruralistas mandam executar crianças, jovens, mulheres e lideranças indígenas todos os dias, sem qualquer tomada de posição contrária relevante.
Como tentativa de dar visibilidade para este genocídio, movimentos sociais e artistas de diversos locais do Brasil se mobilizaram para realizar na tarde de ontem, dia 17, um ato em apoio aos Guarani Kaiowá do MS. Juntamo-nos também ao coro, e realizamos o ato performático em Franco da Rocha.
Ativistas, artistas e munícipes somaram suas forças para juntos cantarem trechos da missa da terra sem males e erguerem faixas alertando a população da situação dos Guarani.
A ação teve início na frente da Casa de Cultura da cidade, e seguiram em cortejo para o outro lado da estação, onde às 18h em ponto, todos se posicionaram na faixa de pedestres impedindo a circulação normal do trânsito. Assim também aconteceu em São José do Rio preto, Mato Grosso do Sul, Porto Alegre, Ceará, e na Capital Paulista.
As falas proferidas no megafone aqui na cidade tentavam explicar a todos aquilo que não está sendo televisionado. O horário de pico, culminou com uma grande fila de carros, e pedestres que saíam da CPTM, puderam assistir um a um dos performers, após sons de tiro, estourarem bolsas de tinta vermelha sobre suas roupas brancas, e caídos, derramarem sangue pelo chão Francorrochense.
Os guardas de trânsito chegaram ao local no momento do acontecimento, e após breve conversa, entenderam e apoiaram o ato, garantindo a segurança dos presentes.
Pegos de surpresa, alguns pedestres se assustaram, outros bateram palma, outros fotografaram, mas o mais importante, foi que por alguns instantes, muitos pararam para pensar no povo originário do Brasil, nas mortes violentas que sofrem, e na injustiça que se perpetua.
Após o feito, mais pessoas se juntaram ao grupo, que percorreu o mesmo caminho de volta, desta vez, deixando suas faixas e roupas, formando uma instalação na frente da Casa de Cultura. Outros passantes foram provocados a refletir ao entrarem em contato com esta instalação, muitos subiram as escadarias da Casa para abrir diálogo e pegar mais informações.
Que mais pessoas possam ver a realidade que vivem os indígenas brasileiros, que mais pessoas se indignem, e que juntos possamos usar das mídias locais, e até estrangeiras, se possível, para pressionar o governo brasileiro para se posicionar em defesa do nosso povo, em defesa da vida.
Os indígenas são os verdadeiros donos destas terras, é necessário a demarcação rápida das terras tradicionais, e o monitoramento para garantir que eles possam viver com dignidade e paz.
“Enquanto houver sangue Guarani no MS, haverá sangue em todo Brasil”.
Confira abaixo as imagens desse ato de resistência:
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