Intercâmbio Espanha – veja como foi!
3 de agosto de 2013Em outubro do ano passado ouvimos falar pela primeira vez de um cara chamado Moisés Mato. Um cara que vive na Espanha e que criou um sistema chamado Teatro da Escuta. Soubemos dele e da existência de seu sistema através de nossa grande (e cada vez maior) amiga Andréa Amorim. Ela nos apresentou Moisés e seu sistema pela internet, primeiro através da página virtual de sua escola, nos dizendo que achava que valia a pena darmos uma olhadinha, pois ela sentia que aquilo que ele fazia lá na Espanha, talvez pudesse dialogar com aquilo que andamos fazendo aqui no Brasil. Olhamos e ficamos curiosos, dissemos pra ela que queríamos conhecer um pouco mais desse cara e das suas ideias. E foi aí que, muito despretensiosamente, iniciamos um intercâmbio, que de lá pra cá, tem nos propiciado muitos momentos de intensas e significativas trocas. Primeiro através de videoconferências mensais pelo skype, depois, com a vinda de Chusa Perez e Geraldine Guerreiro, duas ativistas que seguem o sistema criado pelo Moisés e que passaram o mês de janeiro aqui no Brasil com a gente, fazendo e participando de oficinas, apresentando e assistindo espetáculos, trocando muitas ideias e desejos. E um dos desejos que surgiu daí foi o de irmos até a Espanha, pra poder conhecer pessoalmente Moisés e o Teatro da Escuta.
Em março desse ano recebemos um convite oficial para participarmos do XI Encontro de Teatro Social, organizado e realizado desde 2003 pela plataforma Desalambrar na cidade de Madri, na Espanha.
Através dos 2 (Fabia e André), conhecemos Moisés Mato pessoalmente e seu Teatro da Escuta, num curso que fizemos na Sala Metáforas, espaço onde funciona uma escola que difunde o sistema do Teatro da Escuta. Conhecemos também a Plataforma Desalambrar, que é um coletivo que desenvolve uma série de ações políticas e sociais, em Madri e em diversas outras partes do mundo; e junto com a Desalambrar, uma série de pessoas encantadoras que temos medo de começar a citar e sermos injustos, esquecendo de alguém. Conhecemos o Páteo Maravillas e ficamos “maravilhados” com o espaço que eles ocupam e com a vasta e variada programação que oferecem de segunda a segunda, que vai da culinária a dança de salão, passando por teatro, dança, música e até hacktivismo; e foi lá que experimentamos pela primeira vez uma tortilla española. Conhecemos ainda a Tabacalera, uma fábrica de tabaco desativada, ocupada, onde também funciona um imenso Centro Cultural, com muitos, mas muitos mesmo, coletivos de cultura. Precisamos ir até a Espanha pra conhecer o seu Tião, queixada que vive em Perus e foi pra lá também, pra contar sua história de luta e resistência no encontro de auto-gestão promovido também pela Desalambrar.
Outra pessoa encantadora que conhecemos foi D. Rute Baltro Moreno, chilena, que trabalha há mais de 50 anos com teatro para crianças e é uma das idealizadoras do EMTIJ (Encontro Mundial de Teatro para a Infância e Juventude), do qual participaremos esse ano, em outubro, na Colômbia.
Conhecemos e trocamos muitas ideias com o pessoal do Periódico Diagonal, um jornal colaborativo e independente, de orientação de esquerda, que resiste há 8 anos na Espanha. Tivemos uma tarde de aprendizagens com o pessoal do 15M, um movimento político e popular bastante forte lá na Espanha.
Ministramos uma oficina onde compartilhamos a experiência de criação do nosso espetáculo “Ara Pyau”, dentro da programação do XI Encontro de Teatro Social – Desalambrar.
Participamos de um curso para educadores, de um curso introdutório ao Teatro da Escuta, de uma jornada sobre prostituição, de um encontro de auto-gestão.
Tomamos muito sorvete, bebemos muita água, tomamos muitas cañas* com tapas**, porque lá estava muito calor.
Andamos bastante, a pé e de metrô. Nossa, como tem metrô naquela cidade… linha amarela, azul, verde, cinza, roxa… e como se anda pra passar de uma linha pra outra…
E, como ninguém é de ferro, dos 15 dias que ficamos por lá, tiramos 1 para fazer passeio de turista e passear pela belíssima cidade histórica de Segóvia.
E pra finalizar nossa estadia em Madri, preparamos pra nossos novos amigos uma brasileiríssima feijoada com caipirinha, com pertences que foram encomendados e muqueados no meio das nossas roupas.
Agora, de volta ao Brasil, aproveitamos esse Informativo pra compartilhar um pouco do que ficou registrado desse momento tão significativo de nossa trajetória e também pra agradecer: a todos os amigos que contribuíram financeiramente para que essa viagem fosse possível, a todos os amigos que contribuíram moralmente e aos amigos espanhóis, brasileiros, chilenos, venezuelanos, franceses, poloneses, alemães, mexicanos, angolanos, paraguaios, argentinos que nos receberam por lá, em suas casas, em seus espaços e em seus corações (em Madri, nesses 15 dias, tivemos a oportunidade de conviver com pessoas de diversas partes do mundo)!
Que esta bela história de intercâmbios, artísticos, ideológicos e, sobretudo, humanos, possa se estender cada vez mais entre o Teatro Girandolá, o Teatro da Escuta e outros tantos com quem possamos crescer juntos, sejam bem vindos!
*uma espécie de chope
**uma porção de aperitivo
Confira outras fotos da viagem logo abaixo!