Prelúdio

3 de fevereiro de 2014 0 Por Meire Ramos

Eu não serei o poeta de um mundo caduco, também não cantarei o mundo futuro, estou preso à vida e olho os meus companheiros, eles estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade, o presente é tão grande, não nos afastemos, não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Eu não serei o cantor de uma mulher, de uma história, eu não direi suspiros ao anoitecer à paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes nem cartas de suicida, não fugirei para as ilhas e não serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

Drummond