O visitante, por Osman Lins
16 de junho de 2011“Aos poucos, refez-se do abalo. A suspeita aquietara-se em ressentida certeza. Surpreendia-a, apenas, haver sido cega a ponto de não perceber a verdadeira razão daquela ausência. Agora, porém, estava certa: ele não queria mais vê-la. Era isto o que ia lhe pedir para fazer; mas parecia-lhe vergonhoso que Artur, a quem mais prezava no mundo, tomasse, sob qualquer pretexto, a mínima iniciativa a respeito de suas relações, sem uma palavra, um assentimento comum. O que haviam gozado ou sofrido naqueles meses eram coisas mútuas e como tal deveriam ser consideradas. A ele, pois, não assistia o direito de interrompê-las. Mesmo assim, o fizera. Seria então seu destino não possuir jamais uma criatura amada a quem não arrebatassem o medo, a perfídia ou a morte?”
Fonte: Osman.Lins.nom.br