A “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, Escrito no início do Romantismo Brasileiro, época na qual se vivia uma forte onda de nacionalismo, que se devia ao recente rompimento do Brasil-colônia com Portugal.
E este poema atravessou o tempo e inspirou vários poetas de diversas épocas. Começando por Casimiro de Abreu, poeta contemporâneo de Dias, depois pelos modernistas Oswald de Andrade, Drummond, Murilo Mendes, Mario Quintana, Ferreira Gullar e os mais contemporâneos, José Paulo Paes, Cacaso e Chico Buarque.
Publicarei aqui, diariamente, as dez versões na série Canções do Exilio, que começa, obviamente pela original de Gonçalves dias.
Não se posso esquecer, é claro, do Hino Nacional, de Joaquim Osório Duque Estrada, e até mesmo uma versão bem humorada de Jô Soares, que acabaram ficando de fora.
Canção do Exílio, de Gonçalves Dias
Kennst du das Land, wo die Zitronen blühen,
Im dunklen Laub die Gold-Orangen glühen?
Kennst du es wohl? — Dahin, dahin!
Möcht ich… ziehn.
[Conheces o país onde florescem as laranjeiras?
Ardem na escura fronde os frutos de ouro…
Conhecê-lo? Para lá, para lá quisera eu ir!]
Goethe (tradução de Manuel Bandeira)
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Paisagem do Sítio Rio das Pedras, 1899 – Almeida Junior |
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.