Criança

14 de junho de 2012 0 Por Gilberto Araujo

Como um pássaro que ganha os céus pela primeira vez,

como um olhar que se perde 
na beleza singela do desabrochar de uma flor no outono, 
contrariando a lógica do mundo, das estações; 
Como ela mesma, criança, reparasse de fato, 
os universos que se desenham diante de si a cada instante, 
a cada espanto da sempre novidade das coisas 
que lhe estende os braços e lhe reverencia.
Como um poema de Quintana ou uma pintura de Portinari, 
preenchem a vida de cor, que vai sendo inventada 
num mosaico fantástico, sem tamanho, sem porquês 
Em caminhos cheios atalhos. 
E são tão pequenos, tão miudinhos 
com mundos tão imensos, tão repletos de sonhos.

imagem: Calvin e Haroldo, de Bill Watterson