Manhã enfezada

Manhã enfezada

15 de setembro de 2014 0 Por Gilberto Araujo
Manhã enfezada
Sem sol, sem soul
Se arregalou com sua cara espichada
Pela primeira fresta que achou
É inverno
É à contra vontade
Que visto este agasalho do tédio
E a busca pela felicidade?
Está temporariamente suspensa
As nuvens tiraram o dia
Para chupar limão com sal
E debochar da minha apatia
O humor hiberna
A indiferença
É um frio gelado que incomoda
Um cancro comendo as sobras
Das caras fechadas sem paciência
A vida não saiu da caverna
Não pulsou esperança
Não há flores nas janelas
Nem bola, nem crianças
Não se ouve as boiadas
Não passam ratos
Os lixos nas calçadas
Permanecem castos
Desatento
Desoriento o olhar
E vou cimentando a paisagem Coalhada
Enquanto me coça uma preguiça
Que não consigo alcançar
O pedaço da rua
Que consigo espiar
Me atiça, me amua
Desconverso
Me atiro na alcova
E me encerro
na expectativa
que um dia  de sol
me socorra