Despertar em árvore II
24 de março de 2015Em um só movimento, saltou do sonho para o tapete listrado ao lado da cama. Notou que, ao redor de sua cabeça, pequenos galhos… não, pequenas árvores cresciam vertiginosamente e frutificavam suas vontades em cachos que logo maduravam em impulsos incontroláveis.
Na hora do café, mostrou orgulhosamente seus bonsais carregados e enquanto beliscava um biscoito e sorvia aos goles o leite com café, explicou – mais com o corpo do que com palavras – cada vontadezinha que pendia dos galhos. Vó Zefa, escutava tudo pacientemente e muito admirada. E no auge daquela inquietação, se levantou da cadeira, como que puchado pelos raios do sol que adentrava à cozinha, e num instante estava na porta.
“Aonde vai com tanta pressa, menino?”
“Vou pro quintal vó, vou soltar minhas vontades, que eu já não estou mais aguentando segurar”.
Obra: Galhos de uma amendoeira em flor
de Vincent Van Gogh