MEC propõe mudanças em currículo escolar

16 de março de 2011 0 Por CONPOEMA
Por: Antônio Carlos Pedro*

Com o próposito de tornar a escola mais atraente para os jovens, segundo matéria de Fabiana Rewald para a Folha de São Paulo, o MEC está propondo uma significativa alteração no currículo para tornar a ecola mais atraente para os jovens. A proposta chega com alguns anos de atraso – mas antes tarde do que nunca – pois os dados são alarmantes – metade dos jovens entre 15 e 17 anos está fora da escola. Se atentarmos para a pesquisa do CENPEC, constataremos a veracidade da informação da repórter e poderemos concluir que a situação tende a piorar conforme aumenta a faixa etária dos jovens.

A grade de disciplinas do ensino médio, além de ser um numero muito grande, é totalmente descontextualizada da realidade. Os conteúdos são focados muito mais preocupados em prepar os alunos para os vestibulares do que propriamente dito para o mundo real, do cotidiano, ou seja, despertam pouco, ou quase nenhum interesse dos jovens. Para complementar estas informações, relato aqui a experiência vivenciada pelos educadores do Programa Jovens Urbanos em seu primeiro dia de atividades com a nova turma: Ao dispor as cadeiras em círculos, de modo que os jovens participantes possam se apresentar e assim se conhecerem um aos outros, um dos jovens pede a palavra, e pergunta se “as aulas” serão sempre com esta configuração de cadeiras. Certamente o educador responde que sim, e argumenta o fato de que nesse formato, nós podemos olhar um nos olhos dos outros, e assim trocarmos informações e saberes, e ao longo do período vamos estabelecendo conexões por áreas de interesses. Em resposta o jovem responde: ” …Que legal. Estudo a onze anos, e lá na escola eu nunca sentei desse jeito (formato) com os meus colegas. Os professores nunca permitiram que a gente se sentasse em círculo.

Já foram implantadas mudançasm e em 357 escolas do país, estão sendo aplicados o ensino Médio Inovador, e pelo que se lê na matéria, as ações são semelhantes a experiência adotada na 6ª edição do Programa Jovens Urbanos. Criado e financiado pelo Ministério da Educação, o programa se norteia em quatro(4) eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Cada escola elabora o seu plano pedagógico e pode eleger um deles para ser o carro chefe do curso, misturando as demais em atividades complementares que podem ser praticadas inclusive fora da sala de aula, ou até mesmo criarem dinâmicas onde os jovens possam se sentar em círculo – assim esperamos.

Claro que somente o curriculo invador não fará a transformação desejavável. E necessário também re-orientar os professores, para estas novas possibilidades, e não somente isso, mas também melhorar as condições de salário e carga horária, além da necessidade de investimento em infraestrutura, pois as escolas ainda se parecem muito como espaço de reclusão, onde tudo-nada pode, e todo o poder permanece centrado na figura do diretor que manda e desmanda, sem nenhuma perspicácia, ou ao menos, gesto de ouvir os jovens e tratá-los com pessoas, indíviduos e futuros cidadãos que olham para o mundo atual com outros interesses, muito diferente dos professores e diretores. A midia é presente em seu cotidiano, seja no aparelho celular, na internet, na TV, na música, download, etc.etc. Já o mesmo não ocorre com os professores e diretores – na maioria das vezes semi analfabetos digitais. Essa diferença quando constada pelo joven, cria uma zona de desconforto brutal entre aluno professor. E a falta de interesse pelo aluno é latente.

* Antônio Carlos Pedro é designer e gestor cultural e participa de diversos projetos de cunho sociocultural como o Instituto IBRADESC.

Crédito imagem: Instituto IBRADESC
Postagem original: http://ibradesc.blogspot.com/2011/02/mec-propoe-mudancas-em-curriculo.html