O Marajá e o cinema brasileiro no tapete
24 de março de 2011Todo mundo que gosta de Cinema de qualidade deve ter ido pelo menos uma vez na vida ao Belas Artes e recentemente deve estar acompanhando a briga para salvar um dos mais (senão o mais importante) Cinema de São Paulo. Mais que uma mera sala de cinema, o Belas Artes carrega consigo tudo aquilo que sempre buscamos no Cinema. Mais que apenas projeções, era um dos poucos lugares em que ainda podíamos ter contato com toda a experiência do Cinema, que passa pela tela, mas também tem a ver com a fila, a pipoca, encontrar pessoas, comentar o filme, dentre outras coisas. Mas dificuldades em gerar a tal “lucratividade” ou “liquidez”, ligadas ao próprio mercado corroído dos cinemas, mais a predadora especulação imobiliária de São Paulo e o puta “zóio grande” do dono do imóvel empurraram o Belas Artes para um situação bem complicada. Um movimento se formou em defesa desse espaço e desde então, entre abaixo assinados, protestos e negociações, o Belas Artes vem se equilibrando na corda, o que culminou no dia 17/03 em mais um capítulo desse drama que ainda esperamos ter um final feliz. Saiba mais aqui: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/manifestantes-acampam-no-belas-artes-em-protesto-ao-fechamento-do-cinema-20110318.html . Emblematicamente o “zóio grande” pretende alugar o imóvel em que até então funcionava o Belas Artes para uma loja. É o mercado, literalmente, engolindo a Sétima Arte.
Do mesmo modo, recentemente, com realização da Diretoria de Cultura de Franco da Rocha e apoio cultural do Informativo Ôxe!, estamos tentando retomar, através do Marajá Cine Clube, as exibições de filmes alternativos e/ou fora do circuito comercial em Franco da Rocha, naquele que foi, provavelmente, o único cinema da cidade. O Marajá já passou por poucas e boas, de cinema à igreja, já foi palco de apresentações de todos os tipo (mesmo!). Aposentado como cinema há um bom tempo, neste mês de Março retomamos as exibições que acontecerão, em sessões gratuitas, aos sábados sempre às 20h. E pra iniciar, selecionamos alguns filmes que tratam justamente de Cinema. Este é o caso de “Tapete Vermelho” de Luiz Alberto Pereira que exibimos no último sábado e que ironicamente traduz a situação do Marajá e do Belas Artes. Mais que uma comédia sobre um caipira que quer ver um filme do Mazzaropi, o filme é uma verdadeira denúncia e um alerta para duas culturas que já em 2006 agonizavam lentamente: o Cinema e a (legítima) Cultura Caipira. Revendo o filme no últimos sábado e pensando melhor agora, na verdade, é sobre algo ainda maior, uma nação perder duas coisas absolutamente preciosas: uma forma de arte e sua identidade cultural. E é justamente sobre isso que se trata a “Batalha pelo Belas Artes” e a retomada do Marajá.
Infelizmente a situação é essa mesmo, se não cuidarmos, pode ser que a experiência do Cinema e o Cinema de qualidade não resistam para as futuras gerações. E isso será uma enorme perda, pois por mais tecnologia que se invente, ela nunca substituirá a telona numa sala escura com outras pessoas, participando da experiência coletiva de se apreciar uma obra de arte. E aqui vai o convite que me referi lá em cima: neste sábado venha se juntar a nós e apreciar um bom filme. Fecharemos o ciclo sobre cinema neste sábado (26/03) às 20h, de maneira até otimista (confesso), com o belíssimo filme de Woody Allen “A Rosa Púrpura do Cairo”, que dentre outras coisas fala sobre essa magia do cinema de nos levar para vários lugares ao nos transportar para dentro da película. O Cine Marajá fica na Rua José Augusto Moreira, 27 no Centro de Franco da Rocha. Para maiores informações: (11) 4443-7900. E aguarde em Abril, em comemoração à Páscoa, a seleção de quatro visões diferentes sobre Jesus Cristo e alguma polêmica.
Nos vemos lá!
Quer saber mais sobre as dificuldades dos “cinemas de rua” como o Marajá e o Belas Artes? Dê uma conferida nesse ótimo artigo da Mônica Herculano para o Cultura e Mercado: http://www.culturaemercado.com.br/cenario/mercado/cinema-de-rua-atravessa-crise-em-todo-o-pais/
Valeu, Bruno!
Mas o caso é esse mesmo: investimento. E mais ainda, onde investir. O Brasil recentemente criou um programa de transferência de renda na Cultura que é copiado lá fora, em que se inverte a lógica vista até hoje: aposta-se no que já acontece nas comunidades espalhadas pelo Brasil. Até aí tudo OK. Expande-se, democratíza-se e promove-se a cultura onde ela é mais necessária, ou seja com quem não tem acesso a ela e aos meios de produção.
Agora por que injetar dinheiro (ou a possibilidade de) num medalhão como a Bê? Vai dizer que ela precisa desse "empurrãozinho"? Imagine quantos Marajá Cine Clubes poderiam ser criados pelo Brasil com essa grana. Qual dos dois permitem um maior acesso da população carente aos bens culturais (lembrando que poucos tem computador em casa e menos ainda tem banda larga)? Qual é a real ligação da Bê com as atuais cabeças no MinC? E dos patrocinadores da Bê? E quem veio antes o ovo ou a galinha? Cabeça de bacalhau existe? Enfim, muitas perguntas…
Em resumo: Essa estória do blog da Bê é papo de comadre! #bethaniapedeprasair
No mais, tô contigo: #cinemaévida
concordo plenamente em genero, numero e grau.
o brasil não investe e nunca investiu em algum tipo de cultura, nem teatro nem cinema, uma coisa tão basica.
e olha que ja tivemos bons filmes pela historia.
então eles acham que fazer um blog, vai mudar esses fatos!
#cinemaévida