Nada de sacolinhas!

Nada de sacolinhas!

29 de abril de 2011 0 Por CONPOEMA

Em geral não faço as compras aqui em casa, mas por uma série de razões, ultimamente fiquei incumbido de cuidar desta parte da administração do lar. De cara, a coisa que mais me chamou a atenção, além dos preços, é claro; foi a enorme quantidade de sacolas plásticas que normalmente nos empurram nos supermercados. Parando um pouco pra pensar sobre isso, considerei principalmente dois pontos.

O primeiro é o impacto que isso tem sobre o lixo que acabamos produzindo (é, eu, você, seu vizinho e todo mundo produzimos quilos e quilos de lixo todos os dias). Só pra termos uma ideia, em minha casa já não temos mais onde colocar essas sacolinhas. Tem sacolinha pra tudo que é lado. Inclusive quem tiver uma boa ideia sobre como reaproveitar estas sacolinhas, deixe nos comentários que serão bem-vindas. E olha que, por mais ecologicamente incorreto que seja, o pessoal aqui usa as benditas como sacos de lixo.

O segundo ponto é: por que as pessoas são treinadas nos mercados a dar o maior número de sacolas possível para as pessoas? É sério, pode reparar que no máximo eles colocam de dois a três itens em cada sacolinha. Se pensarmos que nenhum super, hiper ou mini mercado distribui sacolas lisas, sem estampas e que todas elas vem cheias de propagandas, já podemos entender o porquê. Do ponto de vista das empresas, as sacolinhas são mais uma oportunidade de propaganda, então é interessante para elas que você leve o maior número possível, espalhando assim a marca por onde você (ou as sacolinhas) passar(em).

A moda atualmente é dizer que as sacolas são recicláveis. Pra começar, isso não encerra a questão, há muito mais em jogo quando se trata de consumo (veja o vídeo no final). Outra que mentem sobre o peso que as sacolas suportam, logo por quê a reciclagem das sacolas não poderia ser uma meia verdade também?

O caso é que pensando em tudo isso, coloquei a minha preguiça e um certo preconceito machista de lado, enfiei a sacola retornável debaixo do braço e fui às compras. A minha primeira preocupação era evidentemente a sacola não ter espaço para todas as coisas que iria levar e, assim, a minha tentativa de me livrar das sacolinhas ir por água abaixo. Mas eis que, pra minha surpresa e das caixas do mercado, o conteúdo que ocuparia de oito a dez sacolas plásticas coube em uma única sacola retornável semelhante a estas aí do lado. Outro ponto digno de nota é a surpresa das pessoas quando você diz que não quer levar sacolinhas, algo como se você tivesse pedido para levar as compras sem pagar. Mas não para por aí, a danada da sacola retornável é bem mais prática de carregar, acomoda bem melhor as frutas por exemplo (não ferindo ou amassando elas), a disposição das compras fica bem melhor (sem risco de sair rolando pelo chão ou pendurada com metade pra fora) e, o principal, ela é bem mais reforçada e confiável do que as sacolinhas plásticas. Chegando ao carro (é, ainda não consegui me livrar totalmente desse), outra surpresa: não sei se é intencional ou não, mas a retornável encaixou como uma luva no espaço entre o banco do passageiro e o painel. E no trajeto até em casa, nada ficou rolando e batendo pelo carro, nada caiu e com a mesma facilidade com que coloquei ela lá, consegui retirar.

Obviamente você pode dizer: “Mas o valor das sacolas, você levando ou não, está embutido em todos os produtos que compramos. Então, porque deveria me importar?” Isso poderia ser verdade a algum tempo atrás, mas hoje temos diversos estabelecimentos que não embutem o preço da sacolinha plástica no produto, obrigando as pessoas a comprarem separadamente. Aqui em nossa cidade o preço médio das sacolinhas neste estabelecimentos é de R$ 0,05, se pensarmos que em média vou duas vezes ao mercado, levando em média 10 sacolinhas; no final a economia seria de R$ 4,00 por mês, R$ 48,00 por ano e ainda me livraria das cerca de 80 sacolinhas por mês que no final do ano somariam 960 no total!!!

Isso tudo sem levar em consideração a economia de recursos e o bem que estaremos fazendo à natureza. Se você der uma conferida nesta tabela do sítio do Movimento dos Catadores de Materiais Recicláveis, poderá observar que o tempo estimado para a total decomposição do plástico é de 100 a 450 anos! Decomposição do plástico, não necessariamente de todos os elementos químicos presentes nele. Isso quer dizer que os seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos e tatara-tataranetos vão ter que conviver e resolver o problema que você está plantando hoje nos lixões e aterros sanitários. Não sei você, mas eu não pretendo deixar esta herança maldita para as futuras gerações.

Desing mais inteligente, praticidade, resistência, economia e sustentabilidade; são diversas as qualidades das sacolas retornáveis em relação a opção que nos empurram no mercado. Por essas e outras já adotei! Como disse lá em cima, a questão do consumo já ultrapassou o mero reciclar ou não. Evidentemente se pudermos reciclar tudo, isso ajudará bastante; mas principalmente temos que encarar o fato de que somos responsáveis por tudo aquilo que consumimos, do mesmo modo que somos responsáveis por tudo aquilo que fazemos.

Há uns mil anos atrás as pessoas não tinham metade do que temos hoje e conseguiam sobreviver, hoje a vida nos grandes centros nos empurram para o consumos e é quase indissociável pensar em cidade, sem consumo. Mas precisamos mesmo de tudo o que consumimos ou estamos sendo vítimas do sistema? Você troca seu celular por que realmente precisa ou por que é uma marionete das empresas de marketing? E o seu carro, é realmente a melhor escolha pra você e pro meio ambiente ou é aquele que a propaganda e os filmes de Hollywood disseram que é melhor? Você precisa realmente andar de carro? Certamente se nos determos sobre estas questões, encontraremos meios de ter uma vida menos impactante sobre a natureza, mais saudável e econômica. O que pode nos render alguns anos de vida, uns trocados a mais para fazer aquela viagem e um futuro melhor para as gerações vindouras. Pense nisso. E pra ir te ajudando a pensar, confira este vídeo de um projeto americano bem bacana, chamado Story of Stuffs Project (storyofstuff.org)

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