Carta a Deus

20 de junho de 2011 2 Por CONPOEMA

Francisco Morato, 20 de Junho de 2.011

Olá Dê.

Como tens passado? Como está a família? E os negócios?

Deixe-me contar-te: ontem à tarde, no trem, trombei com um boateiro que bradava aos quatro ventos sobre a volta de teu filho. Sinceramente, creio que da última vez que esteve aqui, o menino tenha aprontado alguma das suas – sempre te disse para educá-lo a curtas rédeas – pois, cá nestas bandas, há um bocado de gente irritada com ele. Aconselho-te, prezado amigo, a sugerir-lhe a vir pela madrugada para que não haja nenhum infortúnio com nosso pequeno.

Não sei se tens acompanhado as notícias, se tens assistido ao Jornal Nacional, ou lido Pasquim, mas – é envergonhado que te digo – que a cada dia que passa as coisas pioram. Aqueles teus conhecidos andam ludibriando os pobres, fazendo da agonia alheia o seu cruel prazer… Devo te pedir, Dê, sabendo que és tão influente, que tomes alguma providência na vida daqueles infelizes.

Já ia me esquecendo! Confere teus documentos! Creio que perdeste algum (identidade, CIC, cartão de crédito), pois andam usando teu nome… Fica atento!

Por ora é isto.

Mamãe manda lembranças. Sabes que ela te adora.

Abraços.

Teu velho amigo:

George de Paula

P.S: Pretendo fazer-te uma visita, mas estou sem coragem…