Ôxe! na Feira Cultural da ETEC de Francisco Morato
26 de outubro de 2011O que vem em tua cabeça quando ouves a palavra: “Periferia”?
O que difere “Cultura” de “Arte”?
Existe arte, existe cultura na periferia? Há artista em Francisco Morato?
O auditório, aos poucos, se ia enchendo… Uns rostinhos apáticos, outros curiosos. O bate-papo desarrolhou-se a partir da leitura do poema do grupo Sarau Poesia na Brasa: A Elite TREME… Não foi à-toa a escolha deste, o tema do bate-papo: Arte e Cultura na Periferia.
“Agora é diferente, a periferia se arma de outra forma… O armamento é o conhecimento…
Então a gente quebra as muralhas do acesso e parte para o ataque.
Invadimos as bibliotecas, as universidades…
Agora, não mais enquadramos madames no farol e sim queremos ter os mesmos direitos das madames.”
Mas… Vem cá… Funk é Cultura?
E a galera vai ao delírio!
Os ouvintes afoitos atropelam-se nas falas, por vezes questionam, titubeiam nos argumentos… Ali houve um dinamismo e uma cinestesia comoventes. Os palestrantes: Mari Moura, Fabia Pierangeli e Roger Neves (Ôxe!… Pois é, eles mesmos), expuseram os conceitos, conduziram o bate-papo e souberam cutucar com maestria.
Um dos textos mais polêmicos da década, rematou a conversa. O Manifesto Antropofágico Periférico, do poeta Sérgio Vaz.
“A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.
Do teatro que não vem do “ter ou não ter…”
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.
Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.
É TUDO NOSSO!”