Retificação de resultado – 2° Concurso de Poesias “Profº Aparecido Roberto Tonellotti”

Retificação de resultado – 2° Concurso de Poesias “Profº Aparecido Roberto Tonellotti”

14 de setembro de 2012 2 Por CONPOEMA

No mês passado publicamos no Informativo Ôxe! e no BlogDuOxe os poemas premiados no 2º Concurso de Poesias “Profº Aparecido Roberto Tonelotti” e tivemos uma lamentável surpresa: o texto escolhido como primeiro lugar da Categoria Juvenil era uma cópia de um dos poemas da poetisa Cecília Meireles, considerada uma das vozes líricas mais importantes da literatura de língua portuguesa.

O plágio só foi descoberto, porque recebemos um e-mail, relatando que o poema “Ser”, premiado em primeiro lugar na categoria juvenil, trata-se, na verdade, do poema “Se Eu Fosse Apenas” do livro Retrato Natural, de Cecília Meireles, sendo diferente apenas o título, uma inversão das estrofes e a pontuação. A seguir os dois poemas:

SER
1º Lugar Categoria Juvenil

Perdoa-me causar-te a mágoa
Desta amarga e humana demora!
De ser menos breve do que água
Mais durável que o vento e a rosa…


Se eu fosse apenas uma rosa
Com que prazer me desfolhava?
Já que a vida é tão dolorosa
E não sei te dizer mais nada…


Se eu fosse apenas água ou vento
Com que prazer me desfaria?
Como em seu próprio pensamento
Vais desfazendo a minha vida…

SE EU FOSSE APENAS…
Cecília Meirelles

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!


Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!


Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora,
de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa…

Talvez a falta de preparo, às facilidades da internet e à incapacidade de criar algum texto próprio, levem muita gente a apresentar cópias de textos e poemas como se fossem seus, alterando-lhes algumas palavras, trocando o gênero ou a estrofe, sem ter a ideia de que estão cometendo um crime.

De acordo com o Código Penal Brasileiro em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra a Propriedade Intelectual, temos: artigo 184 – Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, consignam, respectivamente:

“§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito de lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (…): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (…).
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (…), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.”

No caso deste plágio, a concorrente é aluna de uma escola pública que inscreveu diversos alunos seus. Após a constatação do plágio, a Comissão Organizadora do Concurso notificou a escola, responsável pela inscrição da aluna, comunicando o ocorrido, e solicitando que ela fosse orientada em relação ao ato cometido e a devolução do certificado e troféu concedidos a ela equivocadamente, para serem repassados para o premiado em 2º lugar.

Portanto, a partir de agora, temos a seguinte classificação na categoria juvenil:
1º lugar: Carolina Olgado Freitas – “Culpado” – Guarujá/SP
2º lugar: Luciana Fidalgo Ramos Nogueira – “Já não te amo” – Santos/SP
3º lugar: Taylor Ferreira dos Santos – “Conflito com o real” – Francisco Morato/SP, que havia recebido menção honrosa e receberá um novo certificado e troféu.

Em relação aos jurados, eles ficaram muito felizes por classificar em primeiro lugar o poema da Cecília Meireles, né?

De acordo com o regulamento do concurso, todos os poemas inscritos deverão ser de autoria da pessoa que o envia, de forma que os jurados são orientados a entendê-los como tal, indubitavelmente. Então, a princípio, consideramos que todos os concorrentes são pessoas honestas; se não considerássemos isso, estaríamos dizendo que todos agem de má fé. E isto seria, no mínimo, uma injustiça.

Por fim, agradecemos imensamente à colaboração da pessoa que nos ajudou a fazer justiça e premiar quem realmente foi merecedor.

Abaixo o texto premiado com o 3º lugar do 2º Concurso de Poesias “Profº Aparecido Roberto Tonelotti”:

CONFLITO COM O REAL
(Taylor Ferreira dos Santos)

No início, assim como todos os inícios.
Me pego aguardando sua presença
Coberto por uma escuridão profunda
Sem saber o que esperar


Vendo flashes em minha traiçoeira mente
Imaginando seu rosto,
Seu físico,
Seu coração.


Criando-te um sorriso,
Um olhar,
e até mesmo um toque
Que seja especialmente meu


E então você fica pronta,
É mais linda do que eu imaginava,
Mais sensual do que eu desejava,
E mais perfeita do que eu merecia.


Mas minha mente,
Que não se satisfaz com minha invenção,
Resolve me trazer pro real
E te perco no ar novamente


Fecho meus olhos outra vez
E me pego aguardando sua presença
Coberto por uma escuridão profunda
Sem saber o que esperar.