Precursor do hip-hop brasileiro marca presença em evento de coletivo moratense.

Precursor do hip-hop brasileiro marca presença em evento de coletivo moratense.

24 de outubro de 2012 1 Por CONPOEMA

Domingão tivemos a
grata oportunidade de conhecer mais e aprender mais sobre a vasta
cultura negra, mais especificamente sobre o Hip-hop e sua história.
Diversos coletivos e pessoas ligadas ao Hip-hop em Francisco Morato
estão se organizando e formaram o Núcleo de Hip-hop King Nino
Brown
, que tem entre seus objetivos construir e inaugurar em breve
uma Casa do Hip-hop em nossa cidade, nos moldes da que existe hoje em
Diadema (http://acasadohiphop.blogspot.com.br/).
O evento de domingo marca um importante ponto nessa caminhada e,
assim como a instituição que pretendem criar, contou com o apoio da
prefeitura municipal, através da Casa de Cultura Vinícius de Moraes
e do recém-reeleito vereador Anderson Silva do PT e Jd. Alegria.

Além do formato da
Casa do Hip-hop, o nome que batiza o coletivo também vem do Grande
ABC e presta uma merecida homenagem a uma das figuras mais
importantes para o surgimento do Hip-hop em São Paulo e,
consequentemente, no Brasil inteiro. Dançarino de break, DJ e grande
difusor da cultura Hip-hop, Nino Brown foi um dos grandes agitadores
do movimento no começo da década de 70, além de ser um dos
precursores do agito na 24 de Maio e São Bento que mais tarde se
tornaria o grande boom do Rap que vimos da década de 1990 para cá.
King Nino Brown é rei. Um rei diferente, de uma nação que
extrapola os limites e fronteiras dos países: a Universal Zulu
Nation
(http://www.zulunation.com),
ONG fundada por ninguém menos do que o próprio Afrika Bambaataa
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Afrika_Bambaataa)
e que prega a união do Hip-Hop mundial e dos elementos deste, além
da importância do conhecimento como ferramenta transformadora.
Sendo Rei, que o é,
Nino Brown já peregrinou por todo o Brasil batizando novos Zulus e
levando a cultura Hip-hop às diferentes paragens brasileiras,
continuando sua militância iniciada lá nos anos 70. Mas não
saberíamos de nada disso se não tivéssemos comparecido ao evento
de domingo e ouvido Nino Brown, dentre outros, falando sobre a
história do Hip-hop no Brasil (em especial o vereador Anderson).
Também tivemos a maravilhosa oportunidade de um intensa troca de
ideias com o próprio Rei Zulu Nino Brown, esse simpaticíssimo
pernambucano de nascença e paulista de criação, gente finíssima,
fã do Mr. Dynamite James Brown (de onde vem seu “sobrenome”) e
entusiasta da importância do quinto elemento no Hip-hop (o
conhecimento). Do início do movimento na década de 70, passando
pela formação de Morato e de outras periferias paulistas, até os
novos desafios da luta pela igualdade, alugamos o Rei por algumas
horas, nessa rara oportunidade de conversar com alguém que é, ele
próprio, uma parte importante da história de nosso país.
Mas o evento não se
limitou a sua presença e, além dos já conhecidos e talentosos
grupos de Rap de nossa região, tivemos intervenções de grafiteiros
(com a presença do finalista do prêmio Mundo da Rua, Bonga) e
diversos B. Boys que atraíram a atenção de quem passava. O evento
também “inaugurou” um dos pontos de maior potencial para receber
eventos de rua em Francisco Morato atualmente: o calçadão da Ponte
Seca. Se a vocação do lugar para eventos se confirmar, certamente
irá revitalizar um espaço que, principalmente após a
desapropriação dos comércios populares da região, anda abandonada
e estigmatizada pela população como local de alta criminalidade e
consumo de drogas. Antes um local de eventos e comemorações do que
um bairro fantasma.
Numa gostosa tarde de
domingo, em que a chuva ameaçou, mas não intimidou os amantes do
ritmo e poesia, pudemos participar de um evento tranquilo, informal e
pacífico que além de levar cultura a um ponto meio esquecido do
centro, teve também o mérito de reunir famílias, sendo exemplo
principalmente para a molecada. Música, poesia, atitude, dança,
artes plásticas e conscientização; tá bom ou quer mais? Parabéns
aos organizadores e principalmente a essas pessoas que fazem, com
muito mérito, o hip-hop marcar presença em nossa região. Falando
nisso, não se esqueça de votar nos finalistas de nossa região que
estão concorrendo ao prêmio Mundo da Rua (veja mais aqui) e
conferir as imagens do evento aí embaixo.