Música e Atitude em Transpiração no aniversário do Mandruvá

Música e Atitude em Transpiração no aniversário do Mandruvá

2 de agosto de 2013 2 Por CONPOEMA

Sabadão (27/07) foi uma tarde/noite realmente memorável. A comemoração dos dez anos da banda O Mandruvá, no PEC em Caieiras, reuniu de tudo um pouco, fazendo um bonito panorama das mais diferentes vertentes e formas de expressão e arte da juventude atual. Obviamente o grande chamariz do evento foi o eletrizante show do Dead Fish, banda capixaba, referência no hard-core brasileiro. Mas quem cometeu o erro de não dar o devido valor ao restante do evento, perdeu bons momento, boas bandas e uma ótima oportunidade de ver um pouco da arte que se faz nas periferias paulistas. Mas principalmente, deixou de ver, na prática, uma ação individual que certamente reverberou coletivamente entre os participante, revelando, em seu aniversário, uma grande qualidade do Mandruvá: a generosidade.

Intervenções e Prêmios

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Realizado em parceria com a Prefeitura de Caieiras, dentro do projeto Juventude Fazendo Arte, o M.A.T. (Música e Atitude em Transpiração) já se solidificou como um importante projeto de formação de público e circulação de bandas, tocado pelo próprio Mandruvá já há um bom tempo. Assim como nas edições anteriores, muitas delas realizadas na Comunidade Cultural Quilombaque, mais uma vez parceiro no evento, não faltou música, atitude, transpiração, adrenalina e, dessa vez, muito skate, um pouquinho de sangue e aflição com o body suspension, pirofagia, frio do lado de fora, calor do lado de dentro e… prêmios.

B.Boys e B.Girls

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Pois, é. Aliás a palavra do evento foi mesmo parceria. Essas mesmas parcerias que possibilitaram as intervenções e premiações, também possibilitaram o amplo espectro de expressões artísticas, mas principalmente que se potencializasse os recursos do evento. As importantes parcerias de Bonga, Markone, Chuim, Valmir Sant`anna que certamente abrilhantaram o evento e os apoios decisivos da APEOESP, Sindicato dos Químicos, HelloCases, Helltatoo, Híbrida Rock Vídeos e nossa humilde contribuição da ConPoeMa, temos certeza, foi o que permitiu que o evento acontecesse. Outra qualidade do Mandruvá, que só a experiência pode propiciar: o discernimento de que sozinhos conseguimos muito pouco (quase nada) e que muito melhor do que ficar reclamando ou pensando se vai ventar, o melhor mesmo é pegar os remos e começar a remar.

Sonora Artificial

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E é bacana de ver como resolveram comemorar essa caminhada que completou agora dez anos: abrindo mais uma vez espaço para que outras bandas, mais jovens ou nem tanto, de diferentes estilos ou parecidas, de diferentes lugares, sem bairrismos e dando as mãos à parceiros, amigos e entusiastas para fazer uma bonita festa e assim, trazer um pouco de positividade para um estilo que é amplamente mal visto não só em nossa região.

Duelo de Mono bandas: Congo Shock e Xtreme Blues Dog

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Talvez por não entenderem é que seja assim, por não perceberem o que há de razão nessa loucura e de beleza em coisas até extremas é que acabam sendo mal vistos e pelo mesmo motivo talvez se explique o porquê cada vez mais e mais as novas gerações vão se distanciando das formas de arte mais “clássicas” que, em última análise não a entendem. Nesse sentido, vejo outra qualidade no evento: a de buscar quebrar essas paredes ilusórias que nos dividem, colocando lado a lado pessoas que provavelmente nunca frequentariam os mesmos lugares; de colocar o punk mais sisudo e radical ao lado do dançante B.Boy mostrando que, no final das contas, não são tão diferentes assim. E pra fazer isso, foi necessário outras qualidades do Mandruvá: integração e coragem de arriscar.

X So Pretty

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Em meio a estas e outras considerações, particularmente, o M.A.T. 2013 também pôde me proporcionar, um reencontro fantástico, já de uma década. O final da década de 90 do século passado era uma época em que a maioria esmagadora da população brasileira não tinha uma conexão à internet, muito menos de banda larga; era uma época em que nos comunicávamos principalmente por “carta social” (para baratear os custos); trocávamos e copiávamos demos e EPs (em formato de vinil mesmo); bandas pipocavam Brasil à fora, falava-se muito em construir uma cena local e a cena novaiorquina e californiana do hard-core eram ao mesmo tempo modelo e os principais habitantes de nossa imaginação.

O Mandruvá

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Foi nesse cenário que um grande amigo me passou uma demo-tape (em K-7, com capinha xerocada – alguém ainda sabe o que é isso?) que ele havia trocado via carta por um fanzine que a gente havia criado. Ouvi, gostei e copiei, como era de praxe naquela época. Além do som da banda, haviam outras duas coisas muito interessantes sobre esta demo, chamada “Re-Progresso”: a primeira é que vinha de um lugar fora do eixo Rio-São Paulo, mais especificamente de Vitória no Espirito Santo, a segunda era imaginar os caminhos tortuosos que aquela fita K-7 percorreu até chegar em Francisco Morato na periferia de São Paulo, sem envolver diretamente dinheiro algum. Foi assim que conheci o Dead Fish. Aliás, foi assim que conheci um monte de outras bandas que me influenciaram musicalmente. E foi nesse evento maravilhoso que pude reencontrá-los, graças ao Mandruvá. O que mais posso dizer? Du carai!

Parabéns e valeu, Mandruvá!

Dead Fish

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