O depoimento de um artista moratense sobre o Sarau ConPoeMa
7 de abril de 2014Ainda não participou do Sarau ConPoeMa?
Conheça um pouco dessa experiência nas palavras de Tiago Henrique, um dos poetas mais assíduos do Sarau!
O Sarau ConPoeMa existe há mais de um ano e com orgulho posso ostentar a ilustre memória de experiências maravilhosas que tive nessas tantas edições. Poetas, trovadores, artistas plásticos, músicos, dançarinos, crianças, jovens, adultos e idosos conflagraram muitas noites mensais de sábado com muita arte e envolvimento. Foi na constante troca de experiências e na efervescência da expressão das várias artes que nosso sarau emergiu, ganhou forma própria e depreendeu-se do interesse de cada um para tornar-se o interesse de todos que participam. Além da definição tradicional de “patrimônio cultural” — imortal, porém inerte e intocável no espaço e no tempo —, sugiro designá-lo como “patrimônio social”, coisa viva e mutável, como os seus próprios participantes que a movem.
Transcendendo as paredes do salão, grandes influências o Sarau ConPoeMa surtiu em mim, que hoje eu posso contar, mas não posso dar fim à lista. Potencializado por outras iniciativas maravilhosas (Oxandolá [In] Festa!, Informativo Ôxe!, Girandolá Recebe, operação Livro Livre, e a apresentação teatral dos meus amigos), o sarau me brotou, entre outras coisas, o enraizamento e a ascendente identificação com a cidade onde vivo, Francisco Morato. Isso fora possível graças às inúmeras conversas e reflexões promovidas pela ConPoeMa por meio dessas iniciativas. Assim, aos poucos, fui-me reconhecendo como um moratense, não só por que vivo aqui, mas também porque grande parte da minha história acontece aqui. Essa construção de identidade veio junto com uma mudança de concepção de cultura: para mim, antes era de um jeito, hoje é de outro. Antes eu cria que a cultura era um estranho depositário de bens culturais, um conjunto de grifes que distinguia os “cultos” dos “não cultos”, e assim estaria eu em uma posição confortável. Mas daí o teatro Girandolá e posteriormente a Confraria Poética Marginal me desasnaram e me mostraram o universo visceral em que a cultura, longe de ser uma instância confortável e harmônica, consiste em uma força torrencial e uma necessidade impetuosa de vida. Trata-se não de um depósito que inflamos, mas de uma arena que humildemente somos produtos e autores. Dessa forma, a arte já não reside apenas nas paredes dos museus, nas salas de concerto, nos palcos de teatro e na tela da tv, lá longe, no centro da metrópole. Ela está aqui, dentro da gente, com seu potencial de palavra, de gesto e imagem, pronta para retumbar, seja no cotidiano, seja nos momentos fantásticos que cingem como no sarau.
Agora sei que cultura e arte fazem parte da gente, ainda que as aparências digam que ambas estão bem distantes. Muito obrigado amigos, por me ajudarem enxergar de forma diferente a realidade. Salve!
Aqui fica mais um convite a todos que ainda não conhecem o Sarau, no próximo dia 12/04, sábado que vem, tem mais uma edição, no Espaço Girandolá, na Av.São Paulo, 965 – Vila Suíça (Próximo ao Parque Paulista) – Francisco Morato/SP, a partir das19h, com entrada sempre livre para todas as idades! Participem!