Conheça o Relicário de Concreto
9 de maio de 2014
O espetáculo “Relicário de
Concreto” está em temporada novamente no CEU Perus, durante o mês de maio. A obra é fruto da pesquisa do grupo Pandora de Teatro sobre as
memórias dos moradores do bairro de Perus e ex- funcionários, sobre
a história da Fábrica de Cimento Portland Perus; mas ele é o que
se mostra ao público por ser resultado da pesquisa de linguagem do
grupo, que ao longo dos seus 10 anos de estrada, se consolida em
espetáculos, como este, de imagens poéticas que tentam reinventar a
realidade, mesmo as tão duras como o cimento.
Concreto” está em temporada novamente no CEU Perus, durante o mês de maio. A obra é fruto da pesquisa do grupo Pandora de Teatro sobre as
memórias dos moradores do bairro de Perus e ex- funcionários, sobre
a história da Fábrica de Cimento Portland Perus; mas ele é o que
se mostra ao público por ser resultado da pesquisa de linguagem do
grupo, que ao longo dos seus 10 anos de estrada, se consolida em
espetáculos, como este, de imagens poéticas que tentam reinventar a
realidade, mesmo as tão duras como o cimento.
Neste trabalho, o grupo mistura com
proeza as linguagens cômica, fantástica e poética, deixando esta
história com o peso que é suportável carregar, embora não sem
dor.
proeza as linguagens cômica, fantástica e poética, deixando esta
história com o peso que é suportável carregar, embora não sem
dor.
Durante o espetáculo também
carregamos junto aos atores a responsabilidade das escolhas. Desde a
primeira cena, o grupo nos coloca a furar uma greve para adentrarmos
ao espaço de encenação e assim, assistirmos o restante do
espetáculo.
carregamos junto aos atores a responsabilidade das escolhas. Desde a
primeira cena, o grupo nos coloca a furar uma greve para adentrarmos
ao espaço de encenação e assim, assistirmos o restante do
espetáculo.
Ora somos pelêgos, ora somos
queixadas, algumas vezes apenas num diálogo interno, mas constante
no decorrer da peça. Ora somos nós mesmos, a julgar e “apedrejar”
o pelêgo por sua fraqueza de braços sempre prontos a trabalhar.
queixadas, algumas vezes apenas num diálogo interno, mas constante
no decorrer da peça. Ora somos nós mesmos, a julgar e “apedrejar”
o pelêgo por sua fraqueza de braços sempre prontos a trabalhar.
Mas a mim não passou despercebido o
questionamento que podemos nos fazer sobre essa história real, e por
isso tão delicada de se tocar, e que o espetáculo vem a nos
clarear, de quem é o opressor e quem é o oprimido.
questionamento que podemos nos fazer sobre essa história real, e por
isso tão delicada de se tocar, e que o espetáculo vem a nos
clarear, de quem é o opressor e quem é o oprimido.
Entendo que nós somos o resultado de
uma história secular, e escolher romper com esta história, que
sempre nos impôs o trabalho e a submissão ao patrão como regra, e
a falta deles como vagabundagem e desajuste, não parece tarefa
fácil.
uma história secular, e escolher romper com esta história, que
sempre nos impôs o trabalho e a submissão ao patrão como regra, e
a falta deles como vagabundagem e desajuste, não parece tarefa
fácil.
Escolhermos o lado mais penoso, mais
sofrido, para num futuro termos mudanças significativas, pressupõe
uma consciência histórica e coletiva que não nos ensinam na
escola. Em diversos momentos da nossa vida, infelizmente, nos
comportamos como pelêgos, e em muitos outros lutamos para nos
mantermos com firmeza em nossos ideais. Perceber de que lado estamos,
e quem é o verdadeiro inimigo, muitas vezes invisível, também não
costumam nos ensinar. Por isso precisamos estar atentos e enxergarmos
além do que se mostra a nossa frente, é preciso compreender e
aprender com a história, para reinventá-la.
sofrido, para num futuro termos mudanças significativas, pressupõe
uma consciência histórica e coletiva que não nos ensinam na
escola. Em diversos momentos da nossa vida, infelizmente, nos
comportamos como pelêgos, e em muitos outros lutamos para nos
mantermos com firmeza em nossos ideais. Perceber de que lado estamos,
e quem é o verdadeiro inimigo, muitas vezes invisível, também não
costumam nos ensinar. Por isso precisamos estar atentos e enxergarmos
além do que se mostra a nossa frente, é preciso compreender e
aprender com a história, para reinventá-la.
Parabenizo ao grupo, e agradeço por me
proporcionarem este momento de reflexão.
proporcionarem este momento de reflexão.
O espetáculo fica em cartaz no CEU Perus, todos os sábado de maio, nos dias 10, 17, 24 e 31 às 19h00, e durante a semana, nos dias 13, 19 e 28 de maio às 20h30, com entrada gratuita.
Prestigiem!
Meire Ramos
Atriz e produtora cultural