URGENTE: Pela permanência do Ateliê Compartilhado Casa Amarela!
12 de novembro de 2014Esse ano, o Teatro Girandolá apresentou seu espetáculo “Ara Pyau – Liturgia para o povo invisível”, no Ateliê Compartilhado Casa Amarela, espaço que surgiu a partir das necessidades de grupos e coletivos produtores artísticos da capital paulista, que buscavam espaços para pesquisa e troca estética, assim como também, locais para apresentação e apreciação artística. Em fevereiro deste ano, esses grupos decidiram ocupar um antigo prédio público abandonado, que fica na Rua da Consolação, no centro de São Paulo.
O que para muitos parecida utopia, virou um Ateliê Compartilhado, espaço gerido por grupos de teatro, cinema, dança e artes visuais, que recebeu o nome de Casa Amarela.
O coletivo que ocupou o local desenvolve programações variadas, transformando-o num espaço ativo, um lugar de visitação diária intensa, com atividades que vão de exposições à oficinas culturais, passando por ensaios e apresentações de espetáculos teatrais e musicais. Onde a participação da comunidade e de outros grupos é sempre bem vinda, tanto para apresentações artísticas, quanto com contribuições de material, serviço e em dinheiro, para a manutenção da casa, que é sustentada por doações dos próprios artistas e dos frequentadores.
Estivemos presentes no espaço e percebemos o quão importante são ações como essas, onde grupos e coletivos independentes se apropriam de espaços ociosos e fazem um ótimo trabalho, tomando iniciativa e proporcionando programação cultural pra São Paulo em todos os finais de semana.
Mas, no geral, essas ações são desvalorizadas, os artistas independentes estão realizando um trabalho sem apoio do poder público, e mesmo assim suas ações não são reconhecidas. Recentemente a Casa Amarela recebeu uma notificação de processo de reintegração de posse movido pelo INSS (atual proprietário do casarão), com prazo de resposta de 15 dias. Agora é hora de lutar, vamos nos juntar e batalhar pela permanência do Ateliê Compartilhado Casa Amarela. Abaixo você confere detalhes desse processo, entra na luta, esse espaço é para todos nós!!!
O casarão em questão existe desde a década de 20, é um patrimônio tombado e protegido pelo município e encontrava-se há mais de dez anos fechado, abandonado e sem cumprir nenhuma função social. Em função do abandono, o INSS foi processado em última instância pelo Ministério Público e assinou um Termo de Ajuste de Conduta por conta da negligência e abandono deste e de mais dois imóveis históricos que existem no mesmo terreno. Por este e outros motivos, desde fevereiro uma ocupação artística e pacífica segue firme e resistindo dentro do imóvel, com dezenas de pessoas que se revezam para garantir que o espaço se mantenha ativo e produzindo arte para a cidade.
Desde então, mais de 5 mil horas de programação foram realizadas, entre ensaios abertos e fechados, oficinas, exposições, festivais, apresentações teatrais, intervenções, performances de dança, circo, música, artes visuais, projeção de cinema, gravação de filmes, festas culturais etc. Tudo isso com um caráter público, gratuito e aberto para a cidade. Já utilizaram o espaço mais de mil artistas, 120 coletivos de arte que não tinham onde produzir ou escoar suas produções e uma dezena de artistas e pensadores estrangeiros que apresentaram suas obras e palestras no espaço.
O Movimento de Ocupação de Espaços Ociosos, o qual implantou o Ateliê Compartilhado na Casa Amarela existe há quase quatro anos. Nestes 8 meses de ocupação artística gerimos de modo horizontal e compartilhado o espaço, de modo que dê vazão à produção, investigação, criação e aprimoramento artístico e cultural da cidade e de fora dela, agregando múltiplas linguagens e meios e em diálogo constante com a sociedade. É importante ressaltar que a Casa também possui iniciativas socioambientais, educativas e inclusivas. Pensando na importância histórica do imóvel, estamos inclusive elaborando um plano de restauração em parceria com arquitetos.
Para continuarmos com nossa ação, precisamos reverter a reintegração de posse do imóvel, tanto pela comprovação jurídica de um uso e função social como válida e imprescindível para a cidade e que só se tornou possível a partir da ocupação; quanto pela transferência imediata do imóvel para a esfera municipal. Vereadores e políticos vêm negociando a transferência/venda do imóvel para o município de São Paulo, sendo uma dessas figuras o presidente da Câmara (e futuro deputado) José Américo. No entanto, tal negociação precisa ser imediata, se não o Movimento será retirado do espaço, interrompendo assim uma ação tão importante para a cidade.
Esclarecemos que a Cooperativa Paulista de Teatro (citada no processo de reintegração de posse) esteve desde o início na ocupação – tanto na figura dos cooperados quanto de parte de seus dirigentes -, desempenhando papel de representante jurídico e mediador político junto aos órgãos e figuras públicas do governo municipal e federal. Entendendo que não pode passar o possível ônus advindo do processo aos seus cooperados, hoje a CPT se retira do mesmo, mas ainda mantendo o apoio jurídico. Temos também o apoio dos Advogados Ativistas.
Nesse momento, precisamos mais do que nunca de uma ação da Câmara Municipal de São Paulo no sentido de concluir o processo de compra do imóvel – em negociação há mais de um ano –, conforme informações da dirigente do INSS em São Paulo.
Movimento de Ocupação de Espaços Ociosos
Projeto Ateliê Compartilhado
Rua da Consolação, 1075 – Centro – SP.