Um ensaio sobre o Sevirismo
7 de junho de 2017“Sevirismo” é a capacidade de uma pessoa em resolver e se adequar às situações cotidianas; a capacidade de saber se virar. O Teatro Girandolá, fez um ensaio aberto do seu novo espetáculo “Sevirismo: os mais espantosos causos e descausos de uma Ponte Seca”, no último sábado, dia 03, no centro de Morato, na programação do Oxandolá [In]Festa 2017.
Ali, por onde passam centenas de pessoas todos os dias, atravessando a cidade para irem para suas casas, passando por um estreito corredor, onde não se parece em nada ser um espaço ideal para se passar gente, ali, onde trabalham outras tantas pessoas, de onde tiram seu sustento, se virando ao máximo que podem, em dezenas de lojas que vendem de tudo que se possa imaginar, onde barracas de ambulantes tomam espaço por grande parte do calçadão, aumentando a cada dia, onde as informações visuais e sonoras competem a todo instante entre si, ali mesmo foi o cenário da peça, a própria Ponte Seca, um espaço emblemático para toda a região, que é mote de pesquisa da obra.
Desde setembro de 2016, o grupo vem colhendo histórias deste lugar, observando as pessoas e o movimento local, como se organizam, suas especificidades, e também os diálogos com a realidade brasileira, e a partir disso, propôs cenas e realizou intervenções para a construção do espetáculo. Desde o início, gostaríamos que este espetáculo fosse, além de um retrato, ou um relato, fosse um afago para os moradores da região, uma homenagem a resistência desse povo, que luta diariamente pela sobrevivência, e o resultado foi um texto inspirado na literatura de cordel.
Durante o processo de montagem, criamos uma relação muito boa com os comerciantes e trabalhadores do local, e com pessoas que sempre transitam por lá, sempre fomos recebidos com sorriso no rosto, e neste ensaio aberto pudemos nos sentir ainda mais acolhidos pela plateia. Formou-se um grande público em volta da arena da cena, e todos jogavam junto conosco, se divertiam com as cenas, pela própria identificação do tema, e a troca estava sendo muito bonita, pudemos ver as cenas funcionando, e a cada novo elemento, a plateia foi se sentindo mais dentro do enredo. Alguns, mais suscetíveis, foram tocados pelas cenas, a ponto de entrarem para interagir e também dar seu discurso. E tudo, absolutamente tudo, foi muito importante para nós! Pudemos ver como cada momento provoca o espectador, e como deveremos encaminhar a peça a partir de então, quais momentos queremos a participação, e quais teremos que conduzir melhor o espetáculo, para que não haja interferências negativas. Nós também estamos aprendendo muito com este espaço, a lidar com esta característica um tanto caótica, mas que ajuda no desenvolvimento do nosso trabalho e na nossa relação com o público, quando conseguimos transcender, silenciar o entorno, capturando a atenção. Ficamos imensamente felizes por todos que foram especialmente para ver o ensaio, e também por aqueles que se permitiram parar para assistir, pelo carinho, pelas palavras ao final da peça, e por todas as ideias para colaborar com o trabalho. Veja as imagens:
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Estamos na reta final, e este foi um momento muito importante pra nós, a estreia do espetáculo será no dia 22 de julho, no mesmo local. Compareçam!
O projeto “Mitologias de uma ponte seca”, foi contemplado pelo edital 01/2016 – PRODUÇÃO DE ESPETÁCULO INÉDITO E TEMPORADA DE TEATRO, do ProAC, do Governo do Estado de São Paulo.
A programação do festival Oxandolá [In]Festa, vai até o dia 10 de junho, e todas as atrações são gratuitas, confira clicando aqui!
O Oxandolá é uma realização da Associação Cultural CONPOEMA, e no ano de 2017 o evento foi produzido com recursos próprios, contanto com a parceria dos coletivos que integram a programação e apoio da Secretaria de Cultura de Franco da Rocha e da Secretaria de Cultura de Francisco Morato.
Outras informações: 4488-8524