Que arte queremos fazer?
6 de fevereiro de 2017O Espaço CONPOEMA, em Francisco Morato, recebeu neste fim de semana a primeira atividade do CONPOEMA Recebe…2017. O músico moratense Marcio Salomão, levou para o Espaço o “DesconstruSom”, um workshop de música.
Marcio, é um parceiro importante do Espaço, que já propôs outros 2 workshops, onde compartilhou seu olhar sobre a música, além de já ter realizo atividades para crianças no Cantinho CONPOEMA de leitura e brincadeira, feito doações de CDs, DVDs e livros, e ser sempre um artista disposto a apresentar em ações da Associação.
Prezando por um clima descontraído, o músico contou histórias sobre seu instrumento de trabalho, uma guitarra construída por ele mesmo e que foi usada durante 3 anos pelo músico Lane. Assim, deu início ao workshop, em que ele demonstrou algumas músicas de seu novo trabalho autoral, também todo produzido por ele, em que escolheu trabalhar pela primeira vez sozinho; e conceitou a respeito do fazer artístico do músico na contemporaneidade.
Para Marcio, estamos num momento cultural difícil, em que devemos nos atentar para não perdermos a mão com a essência musical nas produções artísticas. Por ser um instrumento potente, a música consegue mais que transmitir uma ideia, mas operar na construção de um pensamento, que pode ser para o bem ou para o mal.
A grande parte da produção musical de hoje, para Marcio, está esteticamente cada vez mais simples, transmitindo mensagens muitas vezes carregadas de preconceitos e esteriótipos, e o acesso a esse tipo de produto, que está aceito e sendo disseminado pelo mercado, faz com que se crie uma geração com “gosto” e um pensamento um tanto raso, e restrito, o que influencia diretamente no seu comportamento na sociedade.
Para isso, Marcio chama a responsabilidade para os trabalhadores da cultura, que não devem banalizar as suas obras. Aos músicos que estão somente preocupados com a técnica, Marcio também chama a atenção para uma arte que dialogue com as pessoas, que transmita sentimentos e que seja capaz de transformar situações e realidades. Para ele a técnica é importante, mas deve ser um potencializador da intenção. Nesse sentido, ele citou experiências que teve como professor de música, em que muitos alunos deixaram de tomar fármacos, pela real atuação dessa linguagem na vida das pessoas, e defende que o som é energia e radiação, tocando as pessoas emocional e fisicamente, e com grande poder sinestésico, marcando momento, despertando lembranças, etc.
Na tela, havia a imagem de Bola Sete, o primeiro homem a gravar com uma guitarra instrumental no Brasil, uma inspiração para Marcio, de qualidade e humanidade. Vemos na tela um homem sorridente, e que se diverte ao tocar, que Marcio diz conter na imagem a essência do que ele acredita ser necessário para o músico.
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No final do workshop, algumas questões foram levantadas sobre a transformação da música no decorrer dos anos, e o que essas mudanças influenciaram na sociedade. A exemplo disso, foi colocada a questão da portabilidade da música, que passou do disco, para uma música que pode ser carregada no seu celular. Com a mudança, de um disco que continha até mesmo um conceito para a sua capa, para essa música portátil, pode-se ter perdido outras coisas.
Foi citado que ao ouvir um disco havia uma espécie de ritualização, e além disso, havia as idas aos shows, já na época atual, chegou-se a um consenso de que deixamos de ter uma música que transmite e permite uma experiência, para uma música que é meramente um produto. Assim, como em outras artes, como foi citada a fotografia, que hoje também está extrapolando parâmetros da experiência, de um registro para memória, para uma encenação e posteriormente uma exibição.
Espaços de diálogos sobre a arte e sociedade contemporâneas são importantes para reflexão e para transformação de nossos fazeres.
Que arte queremos fazer? Para quem? Por quê?
Essas são perguntas essenciais para quem escolheu a arte como seu meio de expressão e principalmente para quem a escolheu como meio de trabalho.
O CONPOEMA Recebe…é uma realização da Associação Cultural CONPOEMA.
Outras informações: 44888524