Euá mata a sede de seus rebentos
14 de julho de 2009Euá era uma mulher pobre, que vendia no mercado para sobreviver. As coisas andavam muito difíceis para ela. Tinha dois filhos que era a razão de sua vida. Euá não tinha marido que a ajudasse no sustento dos seus filhos: um menino e uma menina. Levava as crianças junto para o mercado; não tinha com quem deixá-las.
Um dia, voltando do trabalho, triste porque nada vendera e deixara de comprar comida para as crianças, cabisbaixa e com fome, vinha pensando tanto na vida que se atrapalhou e errou o caminho, embrenhando-se nas profundezas da floresta. Os filhos queixavam-se de fome e sede e Euá procurava um atalho de volta, sem sucesso. A fome e a sede das crianças aumentavam e cresciam o desespero da mãe, que não conseguia achar a saída. Os filhos começaram a gritar e chorar de sede, ate que não puderam mais e caíram no chão, mais mortos do que vivos.
Euá, desesperada em seu amor materno, pediu para Olodumaré que poupasse a vida dos seus rebentos, matando-lhes a sede. Tamanha era o amor de Euá pelos filhos, que Olodumaré, comovido, transformou-a numa fonte de águas cristalinas, límpidas, fresquinhas, e as crianças beberam a saciedade, sobrevivendo.
A água jorrava forte, transformando-se numa lagoa e depois num rio de águas cristalinas, o ODO IYEWA – rio Euá.
Do livro Euá, A senhora das possibilidades, de Cleo Martins. Ed. Pallas. RJ. 2001 – Coleção Orixás. p. 149-151.