oficina de brincadeiras

17 de junho de 2010 0 Por Gilberto Araujo
Diário de Bordo: Rabiscos e imagens da trajetória do Teatro Girandolá
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Crianças brincando no Espaço Girandolá…

Em meio a tantas dificuldades e alegrias nesta aventura que é fazer teatro em grupo, vez ou outra, Dioniso nos concede alguns presentes que nos deixam até abobados, sem palavras para descrever a experiência. O que as vezes cutucamos na cachola, se projeta como resposta contundente a nossa frente. Falo de uma das atividades nesta nossa programação em comemoração aos 3 anos do Girandolá: a oficina de brincadeiras para crianças.
Constituir um grupo de teatro certamente não é uma missão das mais simples, haja visto que são muitas cabeças, muitas mãos, muitos desejos envolvidos e que precisam encontrar alguma harmonia para não sucumbirem num caos. Neste nosso trilhar do Girandolá corre em nossas veias um desejo de manter um vínculo com a infância. E como fazer isto? Montando sempre peças para crianças? Mantendo um núcleo de estudos de teatro para a infância? Vimos queimando nossos miolos com estas questões que definem a própria organização do dia-a-dia do nosso trabalho e não podem ser tratadas com desprezo.
Institucionalizar um desejo talvez não seja a melhor forma de mantê-lo vivo, aceso nos nossos corações e daí talvez venha esta resposta ao que tem nos preocupado: a infância não está num núcleo de trabalho do grupo, ela perpassa e atravessa toda a nossa identidade enquanto artistas e enquanto coletivo. É mais que um departamento, é um espaço poético, um manancial catalizador.
Mesmo neste momento em que estamos na reta final de ensaios do nosso espetáculo Aruê! ,que não se enquadraria no que chamam de teatro para crianças, percebemos que se queremos sustentar vivo este vínculo com a infância, mesmo dentro deste espetáculo, alguns elementos não podem deixar de existir pra serem convocados num dia único, dentro de um núcleo específico.
Esta manhã de brincadeiras com estas crianças da Vila Suíça depõe sobre estes nossos desejos de caminhar como artistas, sem perder o teatro que é nosso sopro primeiro, sem perder a infância, talvez a boca de onde saia este sopro. Um sopro com sabor de frescor…
Certa vez ouvi que questionado sobre o trabalho do ator, Antunes Filho dizia: é melhor ator aquele que sabe olhar o mundo com os olhos de criança.
Oremos então, com a voz e com as mãos, para manter sempre a casa de dentro e de fora abertas para brincar.

Oficina Rodopiar: A Casa Aberta pra Brincar
Coordenação: Rita Rozeno, Eduardo Bartolomeu e educadoras da Escola Manuel Anibal, de Jundiaí
12 de junho de 2010

P.S. Para quem quiser conhecer, a Escola Manuel Aníbal, de Jundiaí, vem desempenhando um belo projeto pedagógico alicerçado no respeito à natureza da cultura da infância, priorizando desde a formação dos educadores, até o dia-a-dia dos alunos, o brincar e a arte como veículos para sensibilização e expressão.