O teatro proposto pelo Por Volta de Logo Depois

O teatro proposto pelo Por Volta de Logo Depois

12 de agosto de 2015 0 Por Meire Ramos

O grupo piracicabano, Por Volta de Logo Depois, produz espetáculos teatrais com temas de cunho social, que permitam a reflexão sobre a sociedade e muitas vezes considerados tabus.
O encontro entre seus integrantes e os membros da CONPOEMA aconteceu em meados de junho de 2013, quando participaram do 5º encontro do Fórum do Litoral, Interior e Grande São Paulo. Lá os grupos discutiram propostas para implantações de políticas públicas para as artes exercidas fora da capital paulista, e os grupos puderam conhecer também os trabalhos dos coletivos que atuam no interior do estado.
Logo de cara, esses dois grupos se aproximaram para conversar, e se reconheceram, nas linhas de pesquisa artística, tanto quanto ao tema, como no método de construção, e todo o pensamento que abrange as artes feitas na (e para) a comunidade, e não como mercadorias.
De lá pra cá, muitos outros encontros entre eles e nós foram realizados, para trocas estéticas, com apresentações teatrais trazidas para nossa região, e levadas também pra lá pra Piracicaba, e de tardes muito prazerosas de bate-papos que sempre nos fortalecem e alegram a caminhada, que em boa parte do tempo, sabemos que é dura. Nesses momentos de encontros, a mão segurada, dá a força e ao mesmo tempo, leveza necessárias, nos faz lembrar que somos parte de um todo, que o que fazemos aqui reverbera, e que podemos juntos colaborar com a transformação social do nosso estado, e país.
Depois de apresentarem os espetáculos “Maria, sou eu”, que retratava a experiência de uma mulher torturada na ditadura, e “Quarta-feira, sem falta, lá em casa”, que levantava questionamentos a respeito da moral e dos bons costumes, em Francisco Morato, o Por Volta de Logo Depois voltou, desta vez para trazer outros dois de seus espetáculos, para Franco da Rocha.
No fim da tarde de sexta-feira, dia 7, o grupo apresentou seu espetáculo de rua “Liberdade, Liber […] dades”, no calçadão, em frente a casa de cultura, estremecendo as estruturas do patriarcado e do capitalismo. De maneira muito corajosa, o grupo colocou em cena seus descontentamentos com a sociedade contemporânea, que sistematicamente vem usurpando os direitos dos indivíduos, impondo padrões a que devem se encaixar. Com cenas carregadas de ironia e pouco pudor, os atores, que também interpretavam atores de um grupo de teatro, expunham cada um, momentos em que se viram cerceados de suas liberdades, e juntos levantaram uma bandeira vermelha, pelo respeito as individualidades e o fim do individualismo.

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À noite, o grupo seguiu para o Centro Cultural Newton Gomes de Sá, e a atriz Alessandra San Matin, apresentou seu monólogo “Vitrines”. A atriz convidou mais uma vez o público para adentrar no íntimo feminino, nas dores e na batalha do que é ser mulher diante dos olhos de uma sociedade machista, que assedia, impõe, pune e mata mulheres todos os dias. A personagem Francisca marginalizada por sua comunidade por ser prostituta, ao ser excluída dela, para subverter seu sofrimento, cria novos mundos, personagens e histórias, com as linhas e amarras que deveriam a prender.

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência”. Mahatma Gandhi

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As duas apresentações aconteceram dentro da programação do Festival de Inverno de Franco da Rocha, realizado pela Secretaria Adjunta de Cultura da Cidade.